São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994 |
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É a mãe! Por Sérgio Dávila SÉRGIO DÁVILA
- Para não ficar nervosa. - É. Não vale a pena, me deixa tensa. Eu não tenho mais idade, embora não seja tão velha. Outra coisa que me preocupa são as viagens de carro que ele faz. Dá mais medo de automóvel do que de avião. De madrugada, com chuva, cerração. Agora mesmo, quando esse rapaz se acidentou... - O Dener. - É, foi a primeira coisa que eu pensei. O Renato é aflito, não sei por que tem essa pressa de chegar. Eu já disse: "Meu filho, durma onde foi o jogo e viaje de manhã". - O que a sra. queria que ele fosse quando crescesse? - Nunca forçamos os filhos a estudar isso ou aquilo. Mas desde pequeno o Renato tinha alucinação por uma bola. Era o "corinho", como a gurizada chamava. Ele ganhava dois corinhos por ano, no aniversário e no Natal. E destruía. - Mas nessa época ele preferia jogar ou apitar? - Ah, ele nem entendia. Era só futebol no campinho. - Ele nunca quis ser jogador? - Não. Nós desencorajávamos um pouco. Meu marido falava com os treinadores: "Ele pode jogar, desde que não prejudique os estudos". O Renato fez economia e pós-graduação em informática, sabe? Quando entrou na escola de árbitros, nem falou nada para nós. Fez tudo quietinho. - E como a sra. soube? - Por um primo dele, que me perguntou: "Tia, O Renato é juiz de futebol? " Eu digo: "Que eu saiba não, mas já vou ficar sabendo! " [Risos] Porque é uma carreira muito curta, não é? Ele ainda teve sorte, fez uma carreira bonita... - E como a sra. reagiu quando soude que ele seria juiz? - Não falei nada. Meu marido é que não gostou. [Risos] - A sra. prefere que o Brasil esteja no jogo final da Copa ou que o Renato apite? Porque uma coisa invibializa a outra... - Eu já estou satisfeita de ele ter chegado lá. Ele mesmo disse: "Não, mãe, como juiz eu atingi o máximo, é uma honra. como brasileiro, eu vou querer a vitória do Brasil. Então, a gente tem que torcer pelo Brasil e não por ele. - A sra. acha que ele é um bom juiz? - Ah, eu acho. Tenho que achar, né? [Risos] Não entendo muito de futebol. Eu sei quando tem impedimento, sei mais ou menos o nome dos lances... Às vezes ele erra, não vou dizer que é infalível. Quando vejo os comentaristas discutindo se foi ou não gol, eu pergunto: "O que tu acha, meu filho? Foi certo mesmo?" Mas ele é muito correto. Nas vezes em que errou, tenho certeza que não foi com intenção. - O que a sra. acha do Parreira? - [Risos] Isso eu não posso dizer, que eu não entendo nada. - O que a sra. gostaria de ganhar do Renato hoje? - Ah, nada especial. Queria a presença dele. Mas nem sempre dá, não é? Aliás, o primeiro jogo importante que apitou, um Gre-Nal, foi no Dia das Mães. Ficou marcado. Texto Anterior: Ramones em show de covers; Newman na roda Próximo Texto: Um casamento a la Spielberg Índice |
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