São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994 |
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Nome é desastroso, calculam numerólogos
NEIVALDO JOSÉ GERALDO
Dois numerólogos consultados pela Folha disseram que a escolha não podia ser mais desastrosa. Um deles até sugere um nome indígena, caramuru, para substituir o fatídico, segundo ele, real. Não bastassem os números sempre oscilantes de nossa economia, também os algarismos combinados desta palavra de quatro letras conspiram contra a estabilização. "O mantra associado à palavra real vai produzir impaciência e insegurança nas pessoas", sustenta o carioca Gilson Chveid Oen, um engenheiro com mestrado em economia, de 46 anos, e que há 17 ganha a vida "lendo" o significado dos números. "O real será regido pelo número quatro, simbolo do estático, da passividade", reforça o espanhol Matias Diego, 59, h 36 anos estudando a força dos números. Diego preside a Associação Brasileira de Numerologia, Tarologia e Ciências Místicas. É bom explicar aqui que os dois usam métodos diferentes para chegar praticamente a mesma conclusão: para os números, o real é um zero à esquerda. Gilson fez, inclusive, um estudo com mais de 3.000 nomes. Apoiado por um programa de computador, descobriu que a nova moeda deveria se chamar caramuru. "Caramuru, palavra indígena que quer dizer Deus do Trovão, é o nome perfeito, suas vogais remetem ao número oito, aquele que exerce a força de direcionar as pessoas, a busca do poder", diz. Ele afirma que não é à toa que São Paulo, a tal locomotiva que puxa o Brasil, é regida pelo oito. Já o Rio de Janeiro, diz, é regido pelo cinco, o algarismo do sensorial, da busca do prazer, da descontração e da irresponsabilidade. Não é coincidência, portanto, que seja o cinco o número do combalido e desacreditado cruzeiro. "O real nasce regido pelo número nove, não pode haver combinação mais fatal para uma moeda", afirma Gilson. "O nove é o número que leva ao fim, à idéia do desconhecido, ao imponderável", sustenta (veja no texto). O numerólogo recomenda que as pessoas adotem o caramuru como linguagem corrente. "Assim como em determinado período se batizou o cruzeiro de barão. Isso vai fazer um bem tão grande, que as pessoas nem imaginam." Segundo ele, a redução numérica da palavra caramuru conduz ao número seis, "um indutor do poder comunitário, da questão social, da área afetiva", diz. "Além do que, o mantra produzido pela expressão caramuru é de uma harmonização imensa", afirma Gilson, que dá consultoria para mais de 1.500 empresas. Para Diego, que usa a teoria do Quadrante de Pitágoras para chegar aos prognósticos, o real será regido pelo quatro, que na cabala simboliza o quadrado. "E isto remete à estagnação", diz. Ele afirma que isso não implica necessariamente prejuízo. Diz, porém, que a nova moeda vai contribuir muito pouco no combate à inflação, apesar de ele prever uma vida longa ao real. Diego afirma, porém, que muito mais do que o que possam dizer os números sobre a nova moeda, o ex-ministro e virtual candidato do PSDB à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, é o principal responsável pelo naufrágio do plano de estabilização. "Ele abandonou o plano no meio do caminho e desequilibrou a sua (do plano) energia, não dando sequência, continuidade", afirma. Texto Anterior: Saiba como os resultados são descobertos Próximo Texto: Para governo, caderneta vai perder poucos poupadores Índice |
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