São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jovens criminosos usam armas de plástico

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A porta de entrada dos "teens" no universo das armas é, acredite, a aquisição de revólveres e metralhadoras de plástico.
Só na região dos Jardins (zona sul de São Paulo), ocorre pelo menos uma tentativa de assalto por semana, praticada por um adolescente em poder de um desses brinquedos.
O delegado Manuel Camassa tem uma coleção de 50 armas de plástico apreendidas com "teens", que tentavam roubar ou assaltar, na região da rua Augusta.
A coleção dele já despertou até a atenção da imprensa européia: fizeram reportagens citando São Paulo, por acharem que assalto com arma de plástico só ocorre no Brasil.
Segundo o delegado Camassa, o problema desses brinquedos é que "eles acabam induzindo o adolescente a usar as armas de plástico para assaltar as pessoas e conseguirem armas de verdade".
Hoje circulam nas mãos dos adolescentes da cidade pelo menos 5.000 armas de verdade, todas ilegais (sem registro na polícia).
Quem mais as compra, diz a polícia, é o adolescente dos extremos sul e leste da cidade, com idades entre 16 e 22 anos.
O delegado corregedor Joaquim Dias Alves afirma que a situação está tão delicada que "qualquer adolescente que entra para a criminalidade já tem acesso às armas mais temidas".
Já foram encontrados com meninos de 20 anos de idade, em São Paulo, revólveres capazes de matar um elefante, como as pistolas Magnum 357 e calibre 44 - a mesma usada por Clint Eastwood na série "Dirty Harry".
Diz o delegado Dias Alves que alguns meninos de rua são abordados por ladrões profissionais que lhes oferecem armas novas "até em troca de toca-fitas roubados de carros, principalmente no centro da cidade.
Alguns meninos tem comprado de camelôs um revcólver argentino descartável, chamado Buldogs. É feito de latão e praticamente "derrete" depois que é usado por duas vezes. "Custa entre US$ 50,00 e US$ 100,00 e é trazido a São Paulo por camelôs que vão ao Paraguai", revela o delegado Dias Alves.

Texto Anterior: Escola usam detector de metal nos EUA
Próximo Texto: Da Reportagem Local
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.