São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cinemateca traz 6 filmes de Satyajit Ray

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Ciclo: Retrospectiva Satyajit Ray
Onde: Sala Cinemateca (r. Fradique Coutinho, 361, tel. 881-6542, Pinheiros, zona oeste)
Quando: a partir de hoje. Hoje: 17h, "O Estrangeiro"; 19h15, "Charulatha"; 21h30, "O Mundo de Apu". Amanhã: 17h45, "Os Galhos da Árvore"; 19h30, "O Mundo de Apu"; 21h30, "A Sala de Música". Dia 11, 17h45, "O Inimigo do Povo"; 19h, "Os Galhos da Árvore"; 21h30, "Charulata". Cópias com legendas em inglês.

Há uma dezena de anos, a retrospectiva de Satyajit Ray (1921-1992) na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo foi uma tristeza: era, de longe, o melhor daquele festival. Mas a sala de exibição ficava quase às moscas.
Nos anos 90, seu "Os Galhos da Árvore" teve uma carreira comercial relâmpago. A retrospectiva que começa hoje na Sala Cinemateca é uma nova chance de afinal se fazer justiça a Ray, quase sempre apresentado, modestamente, como o maior cineasta indiano de todos os tempos.
É bem mais do que isso. Para começar, os filmes de Ray (no caso, "O Estrangeiro" –Agantuk, 1991–, "O Inimigo do Povo" –Ganashatru, 1989–, "Os Galhos da Árvore" –Shakha Proshakha, 1959–, "O Mundo de Apu" –Apu Sansar, 1959– ,"A Sala de Música" –Jalsaghar, 1958– e "Charulatha", 1964) vão decepcionar quem esperar por grandes exotismos.
Parece, não raro, que estamos vendo filmes do francês Jean Renoir, pela leveza, economia, precisão narrativa e simplicidade (Ray, no mais, foi assistente do filme que Renoir rodou na Índia, "O Rio Sagrado", em 1952).
Mas também não se espere nenhum "universalismo" desses filmes. Ray dizia que "meu cinema é meu país". É dos problemas, costumes e línguas da Índia que vem sua inspiração.
Foi, no mais, por esse caminho que Ray ganhou uma pilha de prêmios internacionais, inclusive um Oscar honorário. Pode-se lamentar que essa mostra (promovida pela Embaixada da Índia) chegue num momento em que a Cinemateca Brasileira, de mudança para nova sede, está meio bagunçada (não fez apresentações prévias dos filmes).
Pode-se desejar que a mostra dos filmes de Nelson Pereira dos Santos, programada para acontecer entre julho e agosto em Nova Delhi, capital da Índia, em correspondência com esta de Ray, tenha melhor sorte.(Inácio Araujo)

Texto Anterior: Achado `O Grito' de Munch
Próximo Texto: "Éramos Seis" estréia hoje no SBT
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.