São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 1994
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Itamar teme boicote de bancos e empresas

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco considera que um dos maiores riscos que o Plano Real corre é um eventual boicote por parte de instituições financeiras e empresas que não teriam interesse na queda da inflação.
O grupo palaciano também teme a reação dos bancos ao expurgo de parcela da inflação em cruzeiros reais a partir da introdução do real.
O presidente chama de "especulabrás" os bancos e empresas que estariam interessados na manutenção da inflação alta para obter rendimentos elevados no mercado financeiro.
Na avaliação de Itamar, a "especulabrás" é mais perigosa para o programa econômico do que inevitáveis ataques que o plano já sofre em função da candidatura do ex-ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ao Planalto.
A equipe do ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, tem levado ao Planalto estimativas de inflação abaixo de 5% nos três primeiros meses do real.
A Fazenda analisa ainda a possibilidade de ocorrer deflação, ou seja, processo inverso à inflação: queda dos preços.
Desde que assumiu o governo, em 2 de outubro de 92, Itamar costuma atribuir aos bancos o papel de maiores interessados na preservação da inflação alta.
O presidente repete que, com inflação elevada, muitos grupos se acostumaram a ter altos lucros com especulação no mercado financeiro, sem necessidade de investir na produção de bens.
Na prática, a primeira fase de implantação da nova moeda será acompanhada de taxas de juros altas para evitar a saída de aplicações financeiras para o consumo.
A estabilização da inflação em patamares baixos não comprometeria os grandes bancos. A maior parte ja desenvolveu esquemas para reduzir gastos administrativos e aumentar as exigências para concessão de empréstimos.
Na prática, mais do que a queda da inflação, o que provoca insegurança entre as instituições financeiras é a indefinição do governo com relação à regulamentação do expurgo.

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