São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 1994
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Presos se rebelam e fazem 17 reféns no PA

ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Os 500 detentos da penintenciária de Americano, em Santa Izabel (a 51 km de Belém), a maior do Pará, rebelaram-se às 13h de ontem, fazendo 17 reféns –dos quais 12 mulheres.
Por volta das 14h30, um grupo de cerca de 40 presos conseguiu fugir. Na fuga, os presidiários Marco Antônio dos Santos e Silas Costa foram mortos.
O diretor da penitenciária, capitão PM Hélio Pessoa, escapou após o ataque dos presos na hora da fuga, mas o vice-diretor Adaílton Melo foi levado pelos presos.
Cerca de 200 homens da PM perseguiram os foragidos na selva do município de Santa Izabel. Até as 18h de ontem, a polícia havia recapturado 27 presos. Dois outros funcionários levados na fuga como reféns também conseguiram escapar.
A revolta começou quando os presos de uma ala da penitenciária estavam fazendo ligações telefônicas da portaria do prédio. Eles renderam um dos agentes e estouraram os cadeados.
O diretor disse que foi retido pelos presos quando estava na sala dos advogados.
Os presos estavam revoltados com a demora no andamento dos processos e com a superlotação das celas da penitenciária.
Segundo o diretor, a penitenciária tem capacidade para 320 presos, mas abriga hoje 540, a maioria presos provisórios a espera de julgamento.
"Eles reclamam disso, mas a revolta não tem nenhuma organização, nenhuma liderança. A maioria quer apenas fugir", disse o diretor.
O chefe da segurança da penitenciária, Luís Machado, disse que os presos fugiram por volta das 14h, depois de terem rendido os agentes prisionais e quebrado a murros e socos a parede da entrada da penitenciária.
Machado disse que os presos agiam como loucos. "Os provisórios não aceitam a demora dos processos", declarou.
Os presos que não conseguiram escapar da penitenciária pegaram 17 funcionários como reféns, entre eles agentes prisionais, assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos.
Eles colocaram fogo na secretaria da penitenciária. Às 18h de ontem, eles ameaçavam depredar todo o prédio e matar os reféns se a polícia entrasse.

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