São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 1994
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3,7 milhões podem ficar sem transporte

DA REPORTAGEM LOCAL

Ontem, primeiro dia de greve, os motoristas de ônibus conseguiram paralisar 92% do serviço, segundo avaliação da Secretaria Municipal de Transportes.
Se os motoristas conseguirem manter a paralisação de mais de 90% da frota e a greve dos metroviários atingir êxito semelhante, até 3,7 milhões de pessoas podem ficar sem transporte hoje.
Ficaram sem ônibus ontem 2,3 milhões de paulistanos, que, em dias normais, fazem aproximadamente 5,4 milhões de viagens.
Em dias normais, usam o metrô 1,1 milhão de passageiros, que fazem 2,3 milhões de viagens.
Motoristas e cobradores participaram ontem de reunião de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho, mas não houve acordo.
A Justiça propôs à categoria 7% de aumento real de salário mais 10% de aumento por antecipação.
Os grevistas não abrem mão de 34,77% de aumento real mais 7% de produtividade. A Justiça poderá marcar hoje a data do julgamento da greve. Se for julgada ilegal, as empresas poderão demitir grevistas por justa causa. Os motoristas fazem assembléia às 10h para decidir se continuam a greve.
Hoje, o piso salarial de um motorista em São Paulo é de 414 URVs, mas chega a 660 URVs com benefícios. Em Salvador, Vitória, Belo Horiozonte, Curitiba e Rio de Janeiro, o piso varia de 272 URVs a 276 URVs.
A Secretaria Municipal de Transportes afirma que se as reivindicações foram aceitas, a passagem de ônibus passará para CR$ 1.400,00. A greve foi decidida com os votos de menos de 1% da categoria, que reúne 46 mil.
A Justiça determinou na segunda-feira que 50% da frota circulasse. No mesmo dia, o presidente do Sindicato dos Motoristas, Edivaldo Santiago, antecipou que a decisão judicial seria desrespeitada.
Metrô
O presidente do Sindicato dos Metroviários, Wagner Gomes, disse ontem que espera adesão total à greve marcada para hoje.
A Justiça também determinou que 50% dos trens circulem durante a greve. Gomes disse que a decisão não poderia ser cumprida "por falta de interesse da própria Companhia do Metropolitano".
Os metroviários querem 20% de aumento real mais 42% de reposição de perdas salariais. O piso atual da categoria é de 247 URVs. O Metrô ofereceu 2,5% de reposição de perdas salariais.
A greve dos metroviários será julgada às 13h30 de hoje no Tribunal Regional do Trabalho. A categoria faz assembléia às 18h para decidir se continua o movimento.
Metroviários e motoristas de ônibus entram em greve no mesmo momento pois as duas categorias têm a data base em maio. Data base é a estabelecida em lei para que a categoria profissional discuta as perdas salarias acumuladas no ano.
O presidente do Metrô, Celso Giosa, disse que a greve é "política". Ele alega que não pode atender às reivindicações porque estaria sabotando o Plano Real.

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