São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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`Eles precisam ficar em algum lugar", diz Flores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No 52º dia de greve dos agentes da Polícia Federal em Brasília o governo mobilizou o Exército e mandou os soldados ocupar os edifícios da Polícia Federal.
A sede da PF em Brasília foi tomada de madrugada, a partir da 1h, por mais de mil homens.
Na Esplanada dos Ministérios, o Exército cercou o Ministério da Justiça e estacionou quatro tanques Urutu ao lado da Catedral e em frente à praça dos Tribunais.
Dez atiradores de elite do Exército estavam nas coberturas dosedifícios da Caixa Econômica Federal (a 100 metros da PF) e do Banco Central (50 metros).
No meio da tarde, usando helicópteros, a tropa desembarcou na praça dos Três Poderes.
O ministro-chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), almirante Mário César Flores, ironizou diante de pergunta sobre a presença de tanques nas ruas. "É uma coisa física. Eles precisam ficar em algum lugar".
Cerca de 4 mil agentes em todo país estão parados. Eles reinvindicam equiparação salarial com a Polícia Civil do Distrito Federal.
O diretor-geral da Polícia Federal, Wilson Romão, disse que o Exército vai continuar cercando os prédios da PF em Brasília, Belém (PA) e São Paulo até o final da greve dos agentes federais.
O chefe do Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército), general Gilberto Serra, disse que os seis comandos militares do país estão autorizados a ocupar sedes da Polícia Federal "caso haja necessidade".
À 1h da madrugada de anteontem o pátio em frente à PF já estava tomado pelos soldados. O tráfego nas áreas próximas ao prédio foi interrompido.
Meia hora depois, o diretor-geral da PF, coronel Wilson Romão, entrou no prédio pela garagem.
Com o número de soldados reduzido para 600 homens, o clima dos anos da repressão tomou conta dos manifestantes.
Enquanto os soldados apontavam suas armas para os grevistas, eles ofereciam flores e cantavam de mãos dadas.
O chefe de gabinete de Romão, José Roberto da Silva, disse que as Forças Armadas foram chamadas para evitar o disparo de fogos de artifício próximo ao prédio da PF.
"Se eles soltassem esses foguetes do outro lado da rua, não haveria problema", disse.
Romão disse que a partir de agora não fala mais sobre o assunto. Segundo ele, "o problema fugiu à esfera da PF e cabe somente ao governo.'

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