São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Presos fizeram motim em 92

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Os presos Antônio Cleude Amaral, conhecido por "Picolé", e José Ribamar dos Santos Lima, o "Tacurumim", lideraram no dia 26 de dezembro de 92 uma rebelião no presídio São José, no centro de Belém.
Nessa rebelião foram mortos cinco ex-PMs, trucidados no pátio do presídio. Amaral disse à Folha que não liderava o movimento.
"Apenas queremos evitar novas mortes e garantir a tranquilidade dos funcionários, que por livre e espontânea vontade estão dentro da penitenciária para evitar que a PM invada e mate a gente", disse ele.
Ele e "Tacurumim" são acusados de assalto a mão armada e morte. Tiveram suas penas agravadas por participarem da rebelião, em 92.
Eles e o presidiário Raimundo Assunção dos Prazeres assinaram um documento dizendo que os 15 funcionários da penitenciária mantidos como reféns não foram molestados.
O presidente do Conselho Nacional de Política Penitenciária e Criminal, o paraense Edmundo Oliveira, disse que o Censo Penitenciário do país apontou, no ano passado, que há cinco rebeliões e duas fugas por dia nos presídios brasileiros.
"Só aparecem na imprensa os casos mais escandalosos", disse Oliveira.
Ele disse que veio de Viena, onde representou o Brasil no Comitê da Organização das Nações Unidas para Prevenção do Crime e Justiça Penal.
Segundo Oliveira, "a ONU está preocupada com o fato de o Brasil ser um dos países com grande denúncia da prática de torturas contra os presos".
O presidente do conselho informou que há no país uma superlotação carcerária. Segundo ele, há 128.700 detentos para prédios que só têm capacidade de oferecer 51 mil vagas.

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