São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Só Baggio pode evitar o fracasso da Itália

Dúvidas cercam seleção para a Copa

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Itália vai à Copa do Mundo com um sem fim de dúvidas e sem ter a certeza de que o seu futebol está no nível das melhores seleções.
O seu técnico, Arrigo Sacchi, fez um excelente trabalho no Milan e o que ele realmente tem tentado é que a Itália jogue como uma equipe e não como uma seleção.
Sem dúvida, Sacchi não conseguiu atingir seu objetivo e por isso a seleção italiana enfrentou muitos problemas para se classificar para a Copa dos EUA.
O problema, porém, não está somente no sistema de jogo da seleção, mas também no nível dos jogadores.
Quando Sacchi dirigia o Milan, tinha uma trinca de estrageiros –os holandeses Gullit, Rijkaard e Van Basten– que faziam a diferença.
Na equipe, também havia italianos –como Baresi, Ancelotti e Donadoni– que estavam no melhor da sua forma. Atualmente, entretanto, não existe na Itália tanta qualidade entre seus jogadores quanto antes.
Pessoalmente, penso que o desempenho do Itália neste Mundial vai depender muito da genialidade de Roberto Baggio, da Juventus de Turim.
Ele é um jogador tecnicamente muito bom, muito criativo, mas que ainda precisa de um grande triunfo pessoal para demonstrar toda a sua categoria.
Além disso, a Itália também precisa de um goleador, se quer aspirar a alguma coisa nesta Copa.
Na Copa da Espanha, a Itália venceu porque tinha uma boa equipe e também Paolo Rossi, um centroavante que convertia em gol todas as oportunidades que surgiam.
Agora, a Itália só tem Signori, do Lazio, como atacante goleador. Por isso, é difícil imaginar que ela chegue longe nos EUA.
Os trunfos da Itália para conseguir um bom desempenho são sua disciplina defensiva e marcação-pressão no meio-campo.
Os italianos mostrarão muito pouco quando forem ao ataque, mas será muito difícil marcar um gol na seleção deles.
No "calcio", o objetivo principal é acabar uma partida sem tomar gols.

O holandês Johan Cruyff, técnico do Barcelona, escreve na Folha aos domingos, terças e quintas-feiras.

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