São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Cannes abre hoje em clima de confronto

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

"Na Roda da Fortuna", dos irmãos Coen, abre hoje em clima tenso o 47º Festival Internacional de Cinema de Cannes.
A ausência de filmes dos grandes estúdios americanos e o predomínio de produções (três) e co-produções (nove) francesas reaquece a guerra comercial pelo mercado de filmes, intensificada no final de 1993 em torno da conclusão da Rodada Uruguai do Gatt.
A defesa das produções nacionais européias frente à hegemonia hollywoodiana é a pauta principal de Cannes-94, que se encerra em 23 de maio.
Há uma semana, um drama político atropelou a polêmica estético-comercial. Autoridades chinesas ficaram incomodadas com "Viver!", o novo filme de Zhang Yimou.
Em Paris, o diretor de "Lanternas Vermelhas" foi chamado de volta à China para explicar-se.
"Não sei se vou conseguir sair para ir a Cannes", disse Yimou ao critico inglês David Robinson, entrevistado pela Folha em Londres.
"Viver!" é mais um épico sobre a China entre os anos 40 e 70, como o vencedor de 93 "Adeus Minha Concubina", diferenciando-lhe a ênfase familiar.
Robinson achou-o um grande filme. Mais do que como forte concorrente, "Viver!" está em Cannes agora como manifesto politico.
A seleção francesa poderá não ser a melhor, mas já é de longe a maior. Doze dos 23 concorrentes tiveram francos em seu orçamento.
O carro-chefe é uma superprodução histórica estrelada por Isabelle Adjani, "La Reine Margot" de Patrice Chéreau.
Tenho mais esperanças em "Os Patriotas", thriller assinado por uma das boas revelações recentes, Eric Rochant de "Um Mundo Sem Piedade".
Com três membros, a França marca forte presença também no júri. A formação traz Clint Eastwood (presidente), Catherine Deneuve (vice), Pupi Avati, Sang Okk Shin e Alexander Kaidanovski (diretores), Guillermo Cabrera Infante e Kazuo Ishiguro (escritores), Alain Terzian (produtor), Lalo Schifrin (músico) e Marie-Françoise Leclere (jornalista).
Nenhum filme brasileiro estará em Cannes-94, seja na competição ou nas mostras paralelas.
Já a participação latino-americana é mais marcante que a dos últimos anos, incluindo na disputa pela Palma o mexicano "La Reina de la Noche" de Arturo Ripstein.

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sobre o Festival de cannes à pág. 5-3

O crítico Amir Labaki está em Cannes a convite da organização do festival

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