São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994 |
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`A Amante' é versão pobre de `O Jogador'
JOSÉ GERALDO COUTO
A idéia básica é ótima. Um roteirista fracassado, Martin Landisman (Robert Wuhl), tenta vender o projeto de um filme a produtores pés-de-chinelo e ignorantes. Cada um dos picaretas abordados (Danny Ayello, Eli Wallach, Robert De Niro) modifica um pouco o roteiro e impõe sua amante como estrela do filme. Resultado: a história original de Landisman –a tragédia de um pintor que entra em conflito com o mundo vil do consumo e acaba se matando– vira um irreconhecível e róseo pastiche. As duas linhas de força fundamentais do filme –a progressiva deturpação do roteiro de Landisman e a crescente confusão criada pela entrada em cena das amantes dos produtores– poderiam originar uma "screwball comedy" genial nas mãos de um Billy Wilder ou mesmo de um Blake Edwards. Mas o obscuro diretor Barry Primus (ao que tudo indica, um protegido de De Niro, produtor de `A Amante') põe tudo a perder ao levar-se demasiado a sério e colocar em primeiro plano o drama pessoal de Landisman, um sonhador frustrado, com traumas no passado e uma crise conjugal no presente. Por força de pretender criticar a indústria do cinema americano, Primus acaba por incorrer nos vícios dessa mesma indústria: psicologismo rasteiro, explicitação de "mensagens" positivas, falseamento sistemático das relações humanas, falta de coragem criativa. Nesse sentido, não poderia haver nada mais distante de "O Jogador" de Altman. Como no "filme dentro do filme", também em "A Amante" o que prevalece no final é a estupidez rotineira de Hollywood. Vídeo: A Amante (Mistress) Produção: EUA, 1991, 122 min. Direção: Barry Primus Elenco: Robert Wuhl, Martin Landau, Robert De Niro Lançamento: Paris Vídeo Texto Anterior: Clement Greenberg morre em NY Próximo Texto: "Caminhos Cruzados" conta história da Aids Índice |
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