São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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FHC começa campanha sem programa

VALDO CRUZ; GABRIELA WOTHERS
ENVIADO ESPECIAL A CONTAGEM (MG)

GABRIELA WOLTHERS
O PSDB homologa hoje a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República com dois problemas: a falta de um programa de governo e o temor de que políticos do PFL e PTB se rebelem e apóiem uma possível candidatura de José Sarney (PMDB-AP).
Para mostrar apoio a FHC, as cúpulas do PFL e do PTB afirmaram que estarão hoje em Contagem (MG), onde acontece a convenção tucana.
Os presidentes do PFL, Jorge Bornhausen, do PTB, senador José Eduardo Andrade Vieira (PR), além dos líderes do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), e no Senado, Marco Maciel (PE), confirmaram suas presenças.
O vice da chapa de FHC, senador Guilherme Palmeira (PFL-AL), também é esperado –apesar de que sua indicação só será homologada na próxima quarta-feira, quando acontece a convenção do PFL, em Brasília.
Com relação ao programa de governo, o PSDB não conseguiu nem sequer formar a equipe que comandará os trabalhos. O vice-governador do Rio Grande do Sul, João Gilberto (PSDB), destacado para a função, não assumiu ainda o cargo.
O deputado José Serra (PSDB-SP), escolhido anteriormente para ser o coordenador do programa, pediu o afastamento sob o argumento de que precisava se concentrar em sua campanha para o Senado.
A assessoria de FHC já tem um rascunho de programa, considerado muito genérico pela cúpula tucana. São 17 pontos, concentrados principalmente na área econômica, como a necessidade de se fazer reformas tributária e previdenciária.
O PSDB conta com 230 convencionais titulares e 135 suplentes. A convenção é formada por membros do Diretório Nacional do partido, pela bancada federal (11 senadores e 48 deputados federais) e pelos delegados indicados pelos Estados.
O Estado da Bahia não deve mandar nenhum representante à convenção –apesar de ter 22 convencionais cadastrados. Eles não aceitam a aliança com o PFL e já manifestaram apoio ao candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Fora a Bahia, os tucanos de outros Estados e que também são contrários à aliança prometem tumultuar a convenção.
"Mostraremos que a insatisfação é bem maior do que se pensa", afirmou o senador Dirceu Carneiro (PSDB-SC).
Apesar do "barulho" prometido, a homologação da candidatura de FHC não corre riscos.
Um documento redigido por Carneiro com o pedido de realização de prévias para verificar se os tucanos aceitam a aliança com o PFL só teve a assinatura de quatro deputados –Tuga Angerami (SP), Clóvis Assis (BA), Antônio Faleiros (GO) e Paulo Silva (PI).

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