São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Termina intervenção na Polícia Federal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao final de duas horas e meia de reunião, ontem, o governo decidiu retirar as tropas do Exército dos edifícios da Polícia Federal. Em Brasília, a sede da PF estava ocupada desde a 1h da madrugada de quarta-feira passada.
Itamar tomou a decisão reunido no Planalto com os ministros militares e mais Alexandre Dupeyrat (Justiça), Romildo Canhim (Administração Federal), Mário César Flores (Assuntos Estratégicos) e Wilson Romão (diretor da PF).
Itamar concluiu que os serviços essenciais (controle de fronteiras, emissão de passaportes e carceragem) estavam sendo restabelecidos e, por isso, o Exército poderia ser liberado da intervenção.
O governo anunciou a retirada das tropas em nota oficial divulgada após a reunião. Na nota, Itamar diz que determinou "o retorno das tropas do Exército aos quartéis, de acordo com as avaliações das difrentes áreas".
O porta-voz do Planalto, Fernando Costa, disse que o retorno seria "imediato". Itamar aproveitou a nota para marcar uma posição sobre as greves.
"Quando e onde se configurar abuso nos movimentos grevistas, o governo federal. embora reconhecendo a legitimidade do direito de greve, empregará, sempre que necessário, os instrumentos disponíveis para a manutenção da ordem".
O clima de negociação, apontando para a retirada das tropas, já existia na noite de anteontem. Depois de uma reunião no Planalto, o ministro Dupeyrat ficou duas horas na casa do presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Na conversa concluíram que os policiais federais não estavam dispostos a radicalizar o movimento. Às 10h de ontem, ao participar em solenidade da Polícia Militar do DF, onde recebeu uma medalha da Ordem de Tiradentes, Dupeyrat já admitia que as negociações tinham avançado.
A negociação ganhou força também com a participação dos deputados Luciano Pizzatto (PFL-PR) e Moroni Torgan (PSDB-CE), da comissão de Defesa Nacional da Câmara. Eles pediram ao ministro Henrique Hargreaves (Casa Civil) apoio para fechar acordo entre o governo e os grevistas da Polícia Federal.
O comando de greve sinalizou com a garantia de funcionamento dos "serviços essenciais". Na reunião de ontem à tarde, no Planalto, Itamar concluiu que, depois de três dias de intervenção, os serviços essenciais estavam mesmo sendo restabelecidos.
A expectativa do Planalto é que, à medida que os edíficios forem sendo liberados pelo Exécito, os agentes da PF retornem ao trabalho –pelo menos os que cuidam dos serviços essenciais.

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