São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Reunião pode criar santuário para baleias

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Comissão Baleeira Internacional pode aprovar na reunião anual que começa dia 23 em Puerto Vallaria (México) a criação de um santuário na Antártida onde será proibido caçar baleias.
Proposta pela França em 1992, a zona de proteção às baleias é apoiada por Austrália, Brasil, Holanda, Nova Zelândia, Espanha, Reino Unido e EUA.
Japão, Noruega e alguns pequenos Estados do Caribe são contrários ao santuário.
Se adotado, fica proibida a caça comercial a baleias abaixo do paralelo 40 (que passa a cerca de 650 km ao sul de Buenos Aires).
A proibição tem prazo ilimitado e independe da moratória à caça em vigor nos oceanos do sul.
O Japão é o único país que ainda caça baleias em torno da Antártida. Como parte de um programa científico, está autorizado a pegar 300 baleias por ano.
Segundo o vice-diretor do Órgão Nacional para a Pesca do Japão, Kazuo Shima, o país fará o possível para evitar a criação da zona de proteção na Antártida.
"O movimento contra a caça às baleias carece de fundamento científico e pode definir uma espécie de religião", diz Shima.
Foi no Japão que se realizou a última reunião da comissão baleeira. A decisão sobre o santuário foi adiada.
Segundo o grupo ambientalista Greenpeace da Austrália, o resultado da votação na reunião do México deve ser: 23 votos a favor do santuário e 6 contra.
Para a aprovação são necessários três quartos dos votos.
O Greenpeace informou que Dinamarca e Chile devem votar a favor. Anteriormente, os dois países se abstinham na questão.
"Antes do compromisso do Chile e da Dinamarca, poderíamos passar raspando, agora estamos certos (de vencer)", disse o ambientalista Robbie Kelman.
Segundo ele, a caça comercial devastou as baleias nas águas antárticas, com espécies perdendo até 90% da população original.
As baleias-azuis foram reduzidas a 1% do que eram, sem sinal de recuperação em 30 anos de proibição à caça, disse Kelman.

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