São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Digable Planets e US3 vêm ao Free Jazz

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O trio norte-americano Digable Planets vem ao Brasil para o Free Jazz. Esse é o primeiro nome confirmado para o festival, que promete uma inédita noite de jazz-rap.
Ao lado do inglês US3 (também quase certo para essa noite, segundo a produção do festival), o Digable Planets está entre os nomes mais populares da nova tendência que funde rap com o jazz.
Uma terceira atração –ainda não definida, mas que também se afina com a corrente do jazz-rap– deve completar essa noite.
Em sua nona edição, o Free Jazz vai mudar de mês. Realizado tradicionalmente em setembro, este ano deve acontecer entre 23 e 30 de outubro, em São Paulo e Rio.
Outros nomes cogitados desde 93 são os dos cantores Lou Reed e Sade. Segundo a produção, os contatos com Reed continuam abertos.
Sade não virá mesmo, após ter cancelado sua última turnê por problemas de saúde.
Mesmo sem ter fechado ainda os nomes de suas atrações, a produção do Free Jazz confirma a manutenção da já tradicional noite de blues, bem-sucedida em suas duas últimas edições.
Usando os codinomes Butterfly (Borboleta), Doodlebug (Larva) e Ladybug (Joaninha), os garotos do Digable Planets pretendem simbolizar sua filosofia musical.
Eles dizem que, exatamente como os insetos, suas mensagens cifradas contra a discriminação racial ou abusos contra a mulher ou as crianças exercem uma função comunitária.
Uma curiosidade no Digable Planets é a presença de Ann Vieira (nome verdadeiro de Ladybug), filha de um gaúcho e uma carioca radicados nos EUA.
Na última edição do Grammy, o trio levou o prêmio de "melhor performance de rap".
O sucesso do US3 não é menor. O grupo inglês já ultrapassou o primeiro milhão de álbuns vendidos nos EUA, justamente pelo tradicional selo de jazz Blue Note, que nunca tinha emplacado um hit desse calibre.
A receita do US3 deixou muitos puristas de nariz torcido. Seu CD "Hand on the Torch"' mistura clássicos do jazz, assinados por Herbie Hancock, Donald Byrd e Art Blakey, com rap e hip-hop.
Uma aparente blasfêmia musical que está atraindo o público mais jovem e pode quebrar a velha imagem de elitismo do jazz.

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