São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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China defende massacre de Tiananmen

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da China, Jiang Zemin, defendeu o massacre de centenas de dissidentes pelo Exército na praça Tiananmen, em Pequim, em 4 de junho de 1989.
A declaração, divulgada pela imprensa oficial, coincidiu com a libertação de cinco religiosos e a detenção de dois dissidentes.
Jiang disse que cinco anos de estabilidade e crescimento econômico provaram que o regime estava certo ao ordenar o massacre.
Não se sabe quantas pessoas morreram no ataque. A oposição fala em pelo menos 3.000 pessoas mortas, em sua maioria estudantes. Não há estimativa oficial.
Centenas de milhares de dissidentes ocupavam a praça desde 15 de abril, em protesto contra a inflação e a corrupção e por liberdades democráticas.
"A história mostra que qualquer coisa que conduza à estabilidade do país é boa", disse Jiang, que também é secretário-geral do Partido Comunista e presidente da poderosa Comissão Central Militar.
As autoridades chinesas libertaram "por boa conduta" cinco religiosos presos entre 1991 e 1993 (dois católicos e três evangélicos). Eles haviam sido condenados a 4 ou 5 anos de "reeducação pelo trabalho" por "perturbar a ordem".
Diplomatas ocidentais opinaram que com a libertação dos sacerdotes a China tenta convencer os EUA de que melhorou a situação dos direitos humanos no país.
O presidente Bill Clinton deve decidir até 3 de junho se renova o staus da China como "nação mais favorecida" em comércio, condição que dá às mercadorias chinesas uma série de privilégios tarifários.
A renovação depende de os EUA se convencerem de que Pequim registrou "avanços significativos" quanto a direitos humanos.
"Confrontos entre a China e os EUA não beneficiam nenhum dos lados. A cooperação traz benefícios não só aos dois povos, mas ao mundo em geral", disse o presidente Jiang Zemin em reunião com o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger.
Os dissidentes presos em Xangai ontem são Yang Zhou, fundador da Associação de Direitos Humanos, e Yang Qinheng.
O governo chinês qualificou de "inteiramente sem base" e "preconceituosas" as acusações da Anistia Internacional (AI) de que a tortura é prática comum na China.
A denúncia foi feita anteontem pela seção norte-americana da Anistia, que é contra a renovação dos privilégios comerciais.
"Não permitiremos que a China, os EUA ou a comunidade de negócios finjam que a situação de direitos humanos na China está melhorando, quando não está", disse William Schultz, da AI.

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