São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Compra de equipamentos; A batalha do PMDB; Ausência explicada; Garfada do IPMF; Ética médica; Monarquia; Ianomâmis; Preferência; Os poetas e a crítica

Compra de equipamentos
"Estranhei a reportagem apresentada neste jornal, no dia 11/05, à pág. 1-4, onde a repórter Cláudia Trevisan transcreve declarações minhas prestadas ao Ministério Público de São Paulo. O motivo da minha perplexidade é que não dei entrevista à citada jornalista, além do fato de que, se ela queria me citar, que procurasse, na mesma fonte que lhe forneceu o meu depoimento, o que mais eu disse durante mais de duas horas. Por exemplo, a qualidade do material de ensino adquirido e que todos, instalados, funcionam regularmente sem problemas de assistência técnica. Acredito que, agindo desse modo ético, a reportagem não sairia truncada como saiu."
Paulo Milton Barbosa Landim, ex-reitor da Universidade Estadual Paulista –Unesp (Rio Claro, SP)

Resposta da jornalista Cláudia Trevisan – O sr. Paulo Minton Landim não contesta as informações veiculadas pela Folha. O Ministério Público de São Paulo investiga se o preço dos equipamentos foi superfaturado e quais as razões da dispensa de licitação –e não a qualidade dos equipamentos. Utilizei as informações relacionadas ao objeto da investigação. O funcionamento regular é o que se espera de equipamentos importados ao preço de US$ 17 milhões.

A batalha do PMDB
"O artigo `A batalha de Agincourt', publicado na Folha de ontem, do emedebista Roberto Requião, mostrou que o partido que começou elegendo candidatos aguerridos na luta em favor do Estado de Direito não morreu. O MDB dos parlamentares de brio, coragem e honradez, que não temiam a perda do cargo porque agiam por ideal, amor à pátria, não morreu."
Roberto Brasil Pompeo, procurador de Justiça (Curitiba, PR)

Ausência explicada
"O deputado Cunha Bueno encontra-se ausente de suas atividades parlamentares por determinação médica, tendo a Mesa da Câmara o licenciado após o parecer do serviço médico da Casa."
Eliza Gieseler, secretária do deputado federal pelo PPR-SP Cunha Bueno (Brasília, DF)

Garfada do IPMF
"Mais uma vez confiscam nossa poupança. Desta vez, será com a cobrança do IPMF. Teremos, no nosso governo federal, um sócio com mais da metade dos ganhos reais, mensalmente. E isto se comprova ao fazermos um simples cálculo. Se tivermos depositado um milhão de reais, a partir de 1º de julho próximo, após 30 dias nosso ganho real será de 0,5%, equivalente ao juro oferecido mensalmente, pela poupança.
Se, a seguir, quisermos retirar aquele principal e o juro, que nos proporciona o ganho real do investimento, teremos, em cima desta, retirada a cobrança do IPMF, equivalente a 0,25% daquele total retirado, ou seja, mais da metade do que nos rendeu o juro de 0,5%. É só fazer a conta. E isto é inconstitucional!"
Roberto Gomes Caldas Neto, presidente da Associação Brasileira de Defesa do Contribuinte –ABDC (São Paulo, SP)

Ética médica
"Parabéns a Gilberto Dimenstein por sua coluna, sempre calcada na crítica coerente, na defesa convicta dos direitos humanos e na firmeza de princípios que lhes são peculiares. A preocupação de não fazer acusações generalizadas aos médicos foi explicitada na coluna do dia 26/02 (sob o título `Você confia nos médicos?'), na qual contribui para fomentar o debate acerca da ética, das condutas médicas, da fiscalização e do exercício profissional da medicina. Nos causou estranheza, no entanto, a divulgação, no dia 15/04, de fax enviado pelo dr. Ronaldo Fiori. Ele `nacionaliza' o que chama de `corrupção ética' e acusa ser o descumprimento de jornada de trabalho, em comum acordo com as chefias, uma prática dos 220 mil médicos, em todo o país. O dr. Fiori acusa, ainda, este conselho de acobertar o fato. Esclarecemos, no entanto, que o médico em questão, de forma contraditória, age com a falta de ética que tanto tem denunciado. Ele não compareceu a este CRM para assumir a denúncia. Sequer apresentou provas necessárias à tomada de providências legais cabíveis a um conselho de fiscalização profissional. Estamos, sim, preocupados com a defesa intransigente da ética. O que não passa apenas pela fiscalização do exercício da medicina, mas também pela melhoria das condições de trabalho do profissional e do atendimento oferecido à população."
Regina R. Parizi Carvalho, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Monarquia
"Ué, no plebiscito, não tinha dado república? Então como é que a monarquia está aí, botando a maior banca, com candidato a presidente e tudo? E tome príncipe d. Fernando Henrique pra cá, d. Fernando Henrique pra lá, com a sua trupe de arautos dando conta ao populacho, à ralé, de um fantástico Plano Real, modelito `Era uma vez, um Plano Cruzado, mas agora ele é real, gente'..."
Carlito Maia (São Paulo, SP)

Ianomâmis
"A publicação do segundo artigo de Janer Cristaldo no Mais!, distorcendo e omitindo deliberadamente fatos sobre o assassinato de 16 ianomâmis por garimpeiros, tentando encobrir as evidências de sua ocorrência, ao menos torna claro o que está implícito desde o primeiro artigo: trata-se de mais um golpe baixo de uma campanha para a redução da reserva ianomâmi –utilizando o velho e gasto pretexto da ameaça à nossa integridade territorial e das pretensões internacionais sobre a Amazônia, quando todos sabem que as terras das reservas indígenas pertencem à União. Para reforçar seus frágeis argumentos, o articulista vem tentando desmoralizar as instituições públicas que cumprem o seu papel na defesa dos direitos constitucionais e humanitários dos índios –Funai, polícia e Ministério Público Federal– que teriam participado da montagem de um falso massacre. Lamentável que a Folha comprometa-se com campanhas deste nível, que se fundam em irracionalismos movidos por um racismo raivoso e virulento."
Lilian Nabuco (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta do jornalista Janer Cristaldo – Não há, até hoje, evidência alguma do `massacre' dos 16, 19, 40, 73, 89 ou 120 ianomâmis. Sem falar que, tivesse ocorrido o fato, teria ocorrido na Venezuela. A denúncia irresponsável de genocídio, inspirada pela Funai e endossada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, tem uma intenção clara: denunciar o Brasil em tribunais internacionais e pedir a intervenção da ONU na Amazônia.

Preferência
"Gostaria de ver o Marcos Augusto Gonçalves escrevendo mais na página 2 desse caderno Brasil."
Carlos Rennó (São Paulo, SP)

Os poetas e a crítica
"Excelente a análise que o jornalista Marcelo Coelho faz da obra do grande poeta Mário Quintana, na Ilustrada de 11/05 (`Mário Quintana era misterioso e fácil'). Só não concordo quando ele diz que a enorme popularidade do poeta entre as secretárias fez com que perdesse a atenção da crítica literária. Mas o próprio jornalista mata a charada dessa desatenção ao escrever que ela, a crítica, prefere `descobrir' poetas obscuros e `decifrar' chatices a reconhecer o valor e elogiar a obra acessível de Quintana."
Elisabeto Ribeiro Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

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