São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994 |
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Brasileiros criam `dialeto' próprio nos EUA
AMAURY RIBEIRO JR.
O dialeto "brazuca" ou "portuinglês" é o tema da tese de mestrado da professora Mellinda Rhone, 25, na Universidade Harvard, em Boston. Proprietária de uma escola de línguas para brasileiros e norte-americanos, Rhone catalogou 150 palavras do "portuinglês". "Como os brasileiros não sabem falar o inglês direito, eles acabam aportuguesando várias palavras", afirmou. O dialeto "brazuca" criou, por exemplo, o verbo "serapear" (do inglês "to set-up"; arrumar em português) e o adjetivo "bizado" ("busy" ou ocupado). "Nunca vi nenhum brasileiro falar que está ocupado e sim que está bizado", diz Rhones. Segundo ela, algumas palavras da língua portuguesa mudam de significado no dialeto portuinglês. "Por exemplo, fixar (do inglês "to fix", que significa consertar). Quem pensa que para os "brazucas" vaquiar é pegar uma vaca à unha está enganado. Para eles, vaquiar é limpar com "vacuum" (aspirador de pó). Filha de mãe brasileira e pai norte-americano, Rhones catalogou o portuinglês durante cinco anos, conversando com brasileiros na sua escola e nas ruas ou lendo os jornais dirigidos à comunidade brasileira. "Enquanto algumas palavras como `serapear' são usadas pela maioria dos brasileiros, outras vão se modificando com o passar do tempo", afirmou. Rhones acredita que o portuinglês poderá ser absolvido pela língua portuguesa. "Como a maior parte dos brasileiros que mora aqui um dia pensa em voltar para o Brasil, eles tendem a passar para seus familiares algumas palavras". Para o jornalista Eurico Ferreira Jr., que edita um jornal diário para a comunidade brasileira, o dialeto "brazuca" é uma questão de honra para o brasileiro. "Já perdi anunciantes por ter mudado para o inglês correto uma frase de anunciantes", afirma. Texto Anterior: Eletrodomésticos deverão ter selo indicando nível de ruído em 95 Próximo Texto: Erros de pronúncia são comuns Índice |
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