São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Multas aumentam no 1º trimestre

DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro trimestre deste ano, o número de multas aplicadas a motoristas infratores em São Paulo já é 27,5% maior do que no primeiro trimestre do ano passado.
É só o começo de uma ofensiva contra "pilotos" e irresponsáveis em geral que circulam pela cidade.
Infratores renitentes ainda não precisam se preocupar. Se o índice do primeiro trimestre for mantido, chegamos ao fim do ano com 2,4 milhões de multas aplicadas.
Em anos anteriores, como 87, 88, 91 e 92, o poder público já foi muito menos tolerante com motoristas infratores (veja quadro).
Só em 88, último ano do governo Jânio Quadros, foram lavradas 4,5 milhões de multas, um número jamais superado.
No ano passado, os infratores viveram no paraíso. Desde 87 (quando se começou a fazer estatísticas confiáveis sobre multas), nunca se multou tão pouco como em 93.
A prefeita Luiza Erundina (89 a 92) tentou um plano de combate aos infratores e sofreu na pele a ira dos motoristas.
Tentando a simpatia dos motoristas, o prefeito Paulo Maluf prometeu em campanha "trocar o talão de multa pelo apito".
Na gestão Erundina, de um ano para outro os fiscais passaram de uma quase indolência para uma fúria persecutória contra infratores.
Em 90 a cidade multou 2,1 milhões. Em 91 saltou para 3,5 milhões de multas –60% a mais.
A prefeita não resistiu às pressões e recuou. Choveram recursos contra multas absurdas aplicadas tanto por amarelinhos (fiscais de trânsito da prefeitura) quanto por policiais militares.
No último ano de governo da prefeita, em campanha para eleger sucessor e bombardeada pela opinião pública, ela recuou e foram aplicadas 2,9 milhões de multas.
Agora, comprometido em usar mais apito que talão de multas, Maluf dá folga aos infratores.
A tática, do ponto de vista da segurança de trânsito, é errada.
Que o diga o próprio presidente da CET, Gilberto Lehfeld: "A multa é a melhor arma em favor da segurança de trânsito".
"Somos radicalmente contra as multas absurdas, erradas, que dão margem a protestos", diz.
Mas ocorrem centenas de infrações inequívocas e merecedoras de multas. Multar ou não é um problema de vontade.
O presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) comprova: "Para cada multa aplicada, devem ocorrer mais de cem infrações não autuadas".
Prova de que sobram infrações inapeláveis e inequívocas, que só esperam uma boa multa.
A CET não estaria dando folga, mas preparando-se para atacar.
A guerra contra os infratores deve ser declarada "no verão, quando as pessoas estão de melhor humor", segundo Lehfeld.
"Estamos preparando um plano que não possa ser contestado", diz. Ele não dá detalhes. Diz apenas que a CET vai priorizar multas contra infrações que prejudicam o trânsito –como a fila dupla.

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