São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994 |
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A pressão para escolher uma profissão é injusta
ALCEU GONÇALVES DE PINHO
Daí a angústia que cerca os vestibulares, elevando-os às dimensões de um rito de passagem. No entanto, pensando bem, nem essa escolha é definitiva nem mesmo indispensável. A pressão social para que os jovens escolham (e acertem!) uma carreira é absolutamente injusta e desnecessária. A isso se soma uma ignorância sobre o que são as chamadas "profissões menores"e as reais oportunidades oferecidas pelo mercado. E, também, uma incompreensão das finalidades do ensino superior. Ora, dezenas de profissões oferecem magníficas oportunidades de trabalho e de realização pessoal. Os candidatos frequentemente se prendem a modismos do passado, mal informados por professores, parentes e amigos da família. Promovem-se palestras, visitas acompanhadas e outras formas de chamar a atenção para o enorme leque de opções, mas tudo em vão; acaba prevalecendo a tradição e a visão conservadora. Isto é uma fonte terrível de frustrações. Entrar na universidade é uma oportunidade de acumular um cabedal intelectual e, também, de amadurecer, de apurar o espírito crítico e a capacidade de reflexão. As dificuldades que aí serão encontradas, as preocupações com o mercado de trabalho (afinal é comum que, na universidade, outros projetos muito sérios comecem a ser arquitetados) não podem esconder que, ao terminá-la, ainda teremos (estatisticamente falando) pelo menos dois terços de nossas vidas para viver. A vida é uma contínua construção e uma eterna descoberta e, nem sempre, o projeto formulado aos 16 ou 17 anos necessita ser realizado. É preciso, isto sim, começá-lo e, no final, construir alguma coisa. Na universidade devemos adquirir capacidade de adaptação a situações novas para buscar um espaço onde possamos ser felizes, realizando o que gostamos. O colunista MARCELO PAIVA está em férias. Texto Anterior: Meninos são ingênuos Próximo Texto: Nilson Barroso, 19 Índice |
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