São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quarteto de Brasília e Regina saem em CD

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos problemas da indústria fonográfica no Brasil é o de editar sistematicamente gravações clássicas estrangeiras.
As razões são mais que justificadas, como a falta de conservatórios e intérpretes em quantidade suficiente para criar um corpo profissional de nível elevado.
Há também a configuração de um mercado cada vez mais mundializado e que possui, por aqui, um mero campo periférico para amortizar suas produções.
Mas duas das exceções à regra já estão nas gôndolas das lojas de CDs: o cravista Roberto de Regina e o Quarteto de Brasília.
Regina é um maestro, musicólogo e artesão respeitado. Depois de suas primeiras gravações em vinil, em 1989 lançou em CD, pela Polygram, 12 sonatas de Domenico Scarlatti. Regravou cinco delas para o selo Paulus e acrescentou peças anônimas do século 17, e ainda Bach e Couperin.
O resultado é encorpado, com belos e heterodoxos efeitos de interpretação.
O instrumento, feito em Curitiba em 1986 como cópia de um original francês do século 18, está nas mãos de um virtuoso inconformista que já passou pelo piano.
Ele procura e consegue, com o peso dos punhos, expandir o raquitismo sonoro dentro do qual outros cravistas aceitam manter suas execuções.
A gravação traz também a marca da acústica ecoante da capela Magdalena, que Roberto de Regima construiu em sua chácara em São Pedro de Guaratiba (RJ).
O CD do Quarteto de Brasília, que traz Ludmila Vinecka ao primeiro violino, é menos homogêneo, mas tem o mérito de trazer uma belíssima leitura do "Quarteto nº 17", de Villa-Lobos.
É de um empenho instrumental comovente, de um estetismo bem destilado.
O mesmo não vale para o "Quarteto opus 106", de Dvorák, que produz por momentos a impressão de não ter sido gravado com uma visão unitária dos instrumentistas.
Os músicos também foram vítimas de uma barberagem da gravadora, que, em lugar de separar cada movimento numa única faixa, considerou como unidade a execução integral de cada peça.
Assim, o quarteto de Dvorák precisa ser ouvido em bloco, com seus 39 minutos de duração, sem que se possa percorrer separadamente os quatro movimentos ou saltar de um para o outro.

Disco: Concerto na Capela Magdalena
Intérprete: Roberto de Regina
Lançamento: Paulus
Disco: Quarteto de Brasília
Lançamento: Comep
Preço: 15 URVs (cada CD, em média)

Texto Anterior: Imagem tem 6 títulos no gênero
Próximo Texto: NAS LOJAS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.