São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Terapeutas pagam indenização por fazer paciente 'lembrar' de estupro

DO "THE INDEPENDENT"

Um americano conseguiu indenização de US$ 500 mil após convencer um júri de que psicoterapeutas haviam implantado memórias falsas de incesto em sua filha.
Gary Ramona diz que sua filha mais velha, Holly, passou –após um tratamento psiquiátrico– a ter lembranças de ter sido estuprada por ele durante a infância.
Depois de sete semanas de julgamento, um júri de Napa, Califórnia, aceitou a acusação de Ramona.
Ramona reagiu ao veredito declarando: "É uma vitória tremenda. O júri percebeu que as supostas memórias de Holly são produto da charlatanice dos réus".
O caso é considerado o primeiro em que um não-paciente processa terapeutas sobre a questão dúbia de "memórias recuperadas" e as técnicas utilizadas para suscitá-las.
É quase certo que com isto a psicoterapia terá que começar a submeter-se a regulamentos mais rígidos.
Durante o processo, Holly Ramona descreveu como começou a ter memórias de incesto quando tinha 19 anos e fazia psicoterapia por sofrer de depressão e bulimia, um transtorno alimentar.
"Eu me lembro de meu pai em cima de mim", disse ela ao Tribunal Superior do Condado de Napa. Depois dessas acusações, Gary Ramona perdeu seu emprego, sua mulher pediu divórcio, seus amigos o abandonaram e suas outras filhas deixaram de falar com ele.
O advogado de Gary Ramona, Richard Harrington, descreveu a família do cliente como "feliz". O tribunal assistiu vídeos caseiros em que Holly aparece sorridente, liderando a torcida de seu ginásio.
Ramona alegou que as memórias da filha foram implantadas por sua terapeuta, Marche Isabella. Segundo ele, Isabella disse a Holly que a bulimia é causada por abusos sexuais sofridos na infância.
A ex-mulher de Ramona, Stephanie, disse que Gary não deveria receber um centavo. "O incesto existe", disse ela.

Tradução de Clara Allain

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