São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Público da 'Bienal Brasil' prefere modernos

DA REPORTAGEM LOCAL

O tiro da "Bienal Brasil Século 20" saiu pela culatra. A pretensão da exposição era mostrar que a grande arte brasileira deste século foi feita nos anos 60. O público, porém, prefere os modernistas dos anos 20 a 40, como revela pesquisa do Datafolha.
Era tudo que a "Bienal Brasil" não queria. A ambição da maior exposição já feita no país é reescrever a história da arte nacional do século 20.
Nelson Aguilar, curador da Fundação Bienal, reuniu 921 obras feitas entre 1899 e 1993 por 240 artistas para provar que a era de ouro da arte brasileira aconteceu nos anos 60 (leia glossário).
Foi nessa década, segundo ele, que os artistas brasileiros deixaram de seguir modelos internacionais.
O público, como mostra a pesquisa Datafolha, prefere a versão consagrada por qualquer manual de história de arte.
Vêm em seguida a arte abstrata (13%), a dos anos 60 e 70 e que vai de 1980 até 1993, as duas empatadas em último lugar com 9%.
Perfil do público
A maioria absoluta (80%) dos 420 entrevistados pelo Datafolha t~em curso superior, 58% dos quais na área de humanas.
Na pirâmide econômica, prevalece o topo. A renda familiar de 30% dos entrevistados é acima de 20 salários minímos (CR$ 1.997.511,60).
A maioria (69%) vive na cidade de São Paulo, mas 17% vieram do interior de São Paulo e 14% de outros Estados.
Entre as profissões, predomina a de professor (17%). Artista plástico vem em segundo lugar com 6%.
O principal motivo que leva as pessoas até o Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera (zona sul de São Paulo), é o fato de gostarem de arte (15%).
A visão panorâmica que a "Bienal Brasil" oferece da arte do século 20 é apontada como a principal qualidade da mostra por 22%.
Outros 21% foram à exposição para conhecer arte brasileira.
A maioria dos visitantes (55%) diz ser mais ou menos informada sobre artes plásticas. Os que se consideram mal informados são 28% e os bem informados, 18%.
O evento cultural preferido pelo público da mostra é o cinema: 13% dos entrevistados pelo Datafolha afirmam ter ido quatro vezes ao cinema nos últimos dois meses.
Visitar galerias de arte e museus não faz parte dos hábitos do público. 55% e 54% dizem não ter ido a galeria e museu, respectivamente, nos últimos dois meses.
Problemas
A manutenção do prédio projetado por Oscar Niemeyer é apontada como o principal problema da mostra por 14% dos entrevistados.
A maratona que a "Bienal Brasil" impõe ao visitante, obrigando-o a percorrer 5,5 km, vem logo em seguida na lista de problemas: 12% acham a mostra muito longa.
A escolha das obras também sofre críticas. 8% dos entrevistados consideram que alguns artistas não estão representados por seus melhores trabalhos.
A pesquisa foi realizada nos dias 7 e 8 de maio junto a 420 visitantes da "Bienal Brasil" abordados aleatoriamente na saída do evento.
A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antônio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino, Emília de Franco e a estatística Renata Nunes Cesar. A direção comercial é de Eneida Nogueira e Silva. A coordenação desta pesquisa foi de Wilson Chamas, tendo como assistentes Ailton Gobira e Magda Ribeiro.

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