São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA prometem reduzir imposto sobre suco

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de agricultura norte-americano, Mike Espy, 40, disse que os EUA vão reduzir em 15% as tarifas de importação de suco de laranja do Brasil.
Ele fez essa declaração ontem em São Paulo, onde participou da reunião-almoço da Câmara Americana de Comércio.
Espy disse que a redução resulta da conclusão das negociações para a liberalização do comércio mundial, realizadas sob a coordenação do do Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
Ele disse que as tarifas de importação nos EUA cairão 36%, em média, nos próximos cinco anos em resposta ao acordo do Gatt, "o mais ambicioso acordo de comércio já negociado".
Espy afirmou que a redução da tarifa norte-americana para o suco de laranja brasileiro deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 95, depois da homologação do acordo do Gatt pelo Congresso dos EUA.
Atualmente, os EUA impõem uma taxa de US$ 425 por tonelada de suco de laranja brasileiro.
O suco de laranja é o sexto principal produto de exportação do Brasil para os EUA. O valor dessas exportações foi de US$ 628 milhões no ano passado.
Espy disse que a assinatura, no mês passado, do acordo de livre comércio do Gatt, por cerca de cem países, abre novas oportunidades para o comércio de produtos agrícolas entre os EUA e o Brasil.
O comércio total entre o Brasil e os EUA alcançou US$ 13,5 bilhões em 1993. Os EUA é o maior mercado individual para as exportações brasileiras (US$ 7,9 bilhões no ano passado, ou 20% do total).
O Brasil é o quarto maior exportador de produtos agrícolas para os EUA. No ano passado, o valor dessas vendas foi de a US$ 1,4 bilhão (18% das exportações totais do Brasil para os EUA).
As exportações agrícolas dos EUA para o Brasil foram de US$ 200 milhões no ano passado, de um total de vendas de US$ 6 bilhões.
Espy disse que o Brasil representa um mercado de grande potencial para a expansão das exportações agrícolas dos EUA.
"Assim como há muitas oportunidades para os produtos agrícolas do Brasil nos EUA, nós vemos muitas oportunidades aqui", disse.
Ele disse que o programa de garantia de créditos de exportação dos EUA está oferecendo, este ano, US$ 115 milhões em garantia de créditos para as vendas de trigo, algodão e produtos agropecuários, entre outros, para o Brasil.
Espy disse que a agricultura dos EUA também "gostaria de ter um maior papel no atendimento das necessidades dos consumidores brasileiros".
Hoje, em Brasília, Espy tem um encontro com o ministro Synval Guazzelli (Agricultura) para discutir a questão das exportações de trigo do Canadá para o Brasil.
Ele vai pedir ao governo brasileiro para combater o que chamou de "práticas comerciais injustas" do Canadá, que, a seu ver, é um obstáculo para as vendas de trigo norte-americano para o Brasil.
"Enquanto o Canadá continua a subsidiar seu trigo, o trigo dos EUA é mantido fora de competição pela ameaça de tarifas compensatórias", disse.
"Estou aqui no Brasil para conversar com as autoridades brasileiras sobre algum tipo de medida anti-dumping contra o Canadá".
A prática de "dumping" no comércio é a venda de produtos abaixo de seu preço de custo através de subsídios governamentais aos produtores.
Espy disse que o governo norte-americano quer vender trigo ao Brasil em retaliação à política comercial "desleal" do Canadá.
Ele afirmou, porém, que o governo dos EUA vai consultar antes o governo argentino.
"A Argentina tem um programa de subsídios às exportações que consideramos justo e não queremos tirar nenhum pedaço de seu tradicional mercado no Brasil", disse.

Texto Anterior: Auditores iniciam greve de 5 dias em todo o país
Próximo Texto: Retenção de café gera crise
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.