São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994
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`Tropicaliente' apela para saudade da era hippie em Brasil `caribenho'

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A novela "Tropicaliente" estreou segunda na Globo com a promessa de muitos corpos ardendo sob o sol nordestino de Fortaleza.
Fez praia com sol. Teve gente com corpo molhado. Mas o paraíso tropical, kitsch, emoldurado num cartão-postal em efeito de edição, surgiu na tela como propaganda de automóvel –dirigido por Francisco Cuoco.
Pior que novela mexicana é o Brasil "caribenho" das 18h.
O Nordeste estilizado de Walter Negrão tem jangadas, cabanas de palha, carrões e filhos de pescadores que parecem surfistas. Dá para entender porque os ricos da novela querem viver como os pobres dessa Fortaleza paradisíaca.
O roteiro de Negrão tem saudades da era hippie. O capitalismo urbano é corrompido. Uma casinha na praia e chinelos nos dedos é a fórmula da felicidade. O texto sai da boca de Victor Fasano.
O ator vive um arquiteto que joga, literalmente, tudo para o ar, em troca da fábula caiçara.
A história se movimenta da cidade para o litoral. A rota de atração inclui sexo. Mas no início nenhum dos personagens principais mora na praia cenográfica.
Uma cadeia de coincidências faz com que, em menos de 30 minutos, 14 pessoas deixem suas moradias simultaneamente, em direção ao mesmo pedaço de areia.
O equívoco tem proporções gramaticais: "Paradise in the Earth" (e não "...on earth"), nome do loteamento onde circulam os personagens, é como a praia surge, vendida pelo indefectível picareta (Cássio Gabus Mendes).
Neste paraíso, os conflitos sociais são amorosos. A herdeira (Silvia Pfeifer) e o pescador (Herson Capri) fazem o par central.
A adolescente Carolina Diekmann ensaiou o primeiro lance do sensualidade "light" liberado para o horário virginal. Caiu na água vestida. E morreu de vergonha.
Mas ainda vai ter Márcio Braga, apresentador do "MTV-Sports", muito tempo só de bermudas. Para as teens que ainda acompanham esses contos de fada das 18h.

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