São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 1994
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ONU decide enviar tropas a Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Conselho de Segurança da ONU aprovou o envio de uma força internacional de 5.500 homens para proteger os civis de Ruanda da guerra civil que devasta o país.
A ONU deverá enviar imediatamente 150 observadores militares e 500 soldados a Kigali, a capital.
O restante dependerá da disposição política e da capacidade dos países africanos, que deverão fornecer o grosso das tropas, de reunir soldados e equipamento.
Os 400 soldados da ONU já em Kigali são remanescentes de uma força de paz de 2.500 homens enviada a Ruanda em 1993 para supervisionar uma trégua.
A maior parte dessa tropa foi retirada quando a guerra recomeçou, após a morte do presidente Juvenal Habyarimana num acidente aéreo não esclarecido, em 6 de abril.
Entidades humanitárias estimam que 500 mil pessoas morreram desde então. O conflito opõe forças do governo Habyarimana, da etnia hutu, à guerrilha tutsi.
Os primeiros 500 soldados da força de paz deverão ser de Gana, país africano que já tem 300 dos homens da ONU em Kigali.
As tropas poderão usar a força apenas quando atacadas, o que tornaria difícil garantir "áreas seguras" para os civis. O envio de tropas sem um plano de paz mais amplo já está sendo criticado.
"A opinião pública diz `façam alguma coisa', mas não está preparada para aceitar baixas. Isso inevitavelmente faz a ONU recorrer a meias medidas", afirmou sir Anthony Parsons, ex-embaixador britânico junto à ONU.
Em Bruxelas, a Anistia Internacional disse que os massacres em Burundi, que tem a mesma composição étnica de Ruanda, podem estar se tornando tão violentos quando no país vizinho.
O presidente de Burundi, Cyprien Ntaryamira, foi morto junto com Habyarimana. Dezenas de milhares de pessoas morreram desde então no país.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados fez ontem as primeiras acusações de atrocidades contra a Frente Patriótica de Ruanda, guerrilha da minoria tutsi.
A FPR avança para Kigali pelo sul. Na capital foram encontrados ontem os corpos de dez crianças e uma mulher, aparentemente mortas a facão por forças hutus.
"É um genocídio. Nós não estamos usando essa palavra oficialmente, mas é o que é", disse Willy Claes, chanceler da Bélgica.

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