São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
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FHC e ACM

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Mais agressividade." Mais do que um conselho, foi uma cobrança de ACM, na Globo, no SBT, em toda parte, ontem. Fernando Henrique Cardoso, que já tinha ouvido algo bem semelhante do mesmo ACM, antes, está fazendo o que pode. Mas não é a dele, por certo, agredir quem quer que seja.
Ontem, por mais que ACM defendesse, ou mais, exigisse ataques a Lula, FHC continuou mesmo foi se explicando, como sempre. "Chega de explicar a coligação", ordenou o pefelista em seu discurso, apenas para ouvir FHC, em discurso logo em seguida, falar às lideranças pefelistas: "Contem comigo."
FHC estava então afirmando que a democracia exige, obriga a aceitação de todo o mundo, de qualquer um, até dos pefelistas que seus companheiros tucanos continuavam, ontem, execrando. Na Record, por exemplo, o senador Dirceu Carneiro apareceu, outra vez, para denunciar a coligação.
Os tucanos ainda reclamam, mas FHC e ACM nunca estiveram tão próximos. Tanto que o pefelista, depois de abraçar, apertar mãos e gesticular feliz ao lado do tucano, até brincou, no Jornal Bandeirantes: "Mais e vocês iam achar imoral."
Agora, Sarney
Fazendo água à esquerda, Fernando Henrique Cardoso pode ter mais uma boa notícia à direita. José Sarney, que ontem perdeu no Supremo, já saiu avisando, no Jornal Bandeirantes: "Em alguns dias vou anunciar a minha posição na sucessão."
Idolatria
Na final da Copa dos Campeões, ao vivo na Globo, Romário entrou como o maior de todos, o "cracaço", na expressão da cobertura. Seu time não começou bem, levou um gol e ele teve a defesa esperada. "Romário não recebe bola." Ou "você pode ter um craque, mas se a bola não chega..."
Mas aí o Milan marcou outro gol e a conversa começou a mudar também na transmissão. "Não joga bem o Romário." Três gols e "Romário não encontrou o seu jogo." Quatro e acabou de vez a paciência com o maior jogador brasileiro. "Romário não fez absolutamente nada." E foi "por culpa dele, que aceitou a marcação".
No Brasil, no futebol do Brasil, os ídolos não duram mais do que um jogo. Não tem uma semana, bastou não bater um pênalti para que o craque Bebeto caísse em desgraça, até no Rio. Anteontem, no Jornal da Manchete, ele estava acuado a um ponto de quase chorar.

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