São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 1994
Próximo Texto | Índice

Bancos elevam tarifas com o real

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes bancos planejam um aumento de 150% na receita com a cobrança de tarifas de serviços para compensar a perda dos ganhos com a inflação, depois do real.
Pesquisa realizada pelos bancos constata que as 13 maiores instituições de varejo arrecadam US$ 140 milhões mensais com tarifas.
Pretendem arrecadar US$ 350 milhões. O total de despesas com pessoal e gastos administrativos é de US$ 700 milhões por mês.
O objetivo é passar a participação das tarifas sobre as despesas operacionais dos bancos de 20% para 50%, pelo menos.
O levantamento colheu dados do Bradesco, Itaú, Bamerindus, Nacional, Real, Unibanco, Mercantil, BCN, Noroeste, América do Sul, Econômico, Safra e Banorte.
Estes bancos mantêm uma rede de 6.400 agências e empregam 235 mil funcionários. A elevação da arrecadação será feita com aumento da tarifa, fim das isenções por reciprocidade e cobrança por serviços hoje gratuitos.
"Vamos ter que buscar receita com tarifas", afirma Antônio Burani, diretor executivo do Bradesco. "Hoje, 20% dos serviços são grátis. Isso tende a desaparecer."
Há vários serviços gratuitos que os bancos querem passar a cobrar. Para isso, negociam autorizações do Banco Central.
Quando o correntista de uma agência realiza transferência eletrônica de dinheiro para outra agência do mesmo banco não paga nada; o depósito do salário na conta dos funcionários sai de graça para a empresa; o primeiro talão de cheques do mês tem custo zero.
"O ideal seria cobrir todas nossas despesas com tarifas", acrescenta Roberto Barreto, vice-presidente do Econômico. "Sabemos que não é possível. Mas vamos mudar a cultura de que serviço bancário não custa nada."
O Econômico realizou aumento gradativo da taxa de serviço a partir de abril. No início do ano, a receita com tarifas representava 10% das despesas operacionais. A partir de abril, aplicou um reajuste que elevou esta participação para 30%.
Segundo estudo de uma consultoria apresentado em seminário de bancos que se realiza em Santos, 41% da receita do setor financeiro foi proveniente da inflação em 93.
Em 1992, este percentual era de 37%. Este é o ganho conseguido com o dinheiro que não custa nada para os bancos. Esta massa de recursos vai desaparecer.
Mesmo o aumento de 150% do dinheiro arrecadado com tarifas será insuficiente para cobrir todos os gastos. Faltarão, ainda, cerca de US$ 350 milhões. Neste caso, os bancos deverão aumentar a taxa de serviço dos juros dos empréstimos ("spreads").

LEIA MAIS
sobre bancos na pág. 2-4

Próximo Texto: Nada feito; Há otimismo; Almoço de negócios; Menos imposto; Menos burocracia; Cartões vulneráveis; In loco; Coerência cobrada; Pedidos em Brasília; Isonomia sugerida; Ganhando mercado; Quadro invertido; Sabor amargo; Vento em popa; Cuidando da imagem; Venda pesada; Operação contestada; Espécies diferentes; Colégio limitado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.