São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994
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Óleo polui 18 praias no litoral de SP

DA FOLHA VALE

Os 2,7 milhões de litros de óleo que vazaram no último domingo de um oleoduto da Petrobrás, em São Sebastião (litoral norte de São Paulo), já atingiram 18 praias da região.
Elas estão impróprias para banho, segundo a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
A curadora de Meio Ambiente de São Sebastião, Isabel Dorsa Gerner, do Ministério Público, moveu ontem uma ação judicial contra a Petrobrás por causa do vazamento.
A diretoria da Petrobrás não quis comentar ontem a ação.
Segundo levantamento feito pelas prefeituras de São Sebastião e Ilhabela, em conjunto com a Cetesb, 16 praias de São Sebastião e 2 de Ilhabela foram atingidas pelo óleo.
A praia mais atingida foi Barequeçaba, em São Sebastião. Ontem, 155 homens participaram da limpeza da praia. Foram recolhidos 44 mil litros de óleo da areia.
Segundo Isabel, a ação tem o objetivo de recolher provas para a ação civil pública que deverá ser impetrada pelo Ministério Público contra a empresa.
A ação civil vai cobrar da Petrobrás o ressarcimento dos danos e a recuperação das áreas atingidas pelo óleo.
Ainda não foi calculado o valor que deverá ser pago pela Petrobrás porque a ação ainda depende de laudos da Cetesb e do Ministério Público. A ação contra a empresa deve ser apreciada hoje.
A Petrobrás já foi multada em CR$ 13 milhões pela Prefeitura de São Sebastião.
A Prefeitura de Ilhabela também estuda uma ação na Justiça contra a empresa, segundo o secretário de Meio Ambiente, Jamres Aboud, 50.
Para fazer a limpeza, a Petrobrás utilizou um produto canadense, conhecido como "Peat Sorb". O produto absorve o óleo.
Segundo a Cetesb, a Petrobrás já recolheu 200 mil litros de óleo do mar. Dois barcos e um rebocador continuam retirando o óleo no canal de São Sebastião para evitar que ele atinja outras praias.
A Cetesb e a Petrobrás acompanham de helicóptero o movimento de uma mancha com cerca de 2 milhões de litros de óleo que ainda está no mar, próxima à ilha dos Búzios (Ilhabela).
O presidente da Associação de Hotéis de Ilhabela, Ricardo Casali, 53, afirmou que o acidente prejudicou o turismo na região.
O proprietário do Hotel Barequeçaba, Francisco Hossri, 50, disse que o hotel ainda não fez nenhuma reserva para o fim-de-semana.
Entre e 78 e 94 a Cetesb registrou cerca de 130 acidentes com óleo em São Sebastião.
O óleo vazou devido ao rompimento de um oleoduto da Petrobrás nas proximidades do km 138 da rodovia Rio-Santos.
O gerente do Tebar (Terminal Almirante Barroso), José Daniel Brossi, 38, disse suspeitar que o rompimento do oleoduto tenha sido provocado por falha de material (solda da emenda do duto) ou a pela movimentação de solo provocada pela chuva que atingiu a região.
Além de atingir as praias, o acidente também poluiu um córrego, uma área do Parque Estadual da Serra do Mar e a área de Proteção Especial do Costão do Navio.
O derramamento foi o segundo maior registrado na região.
O maior vazamento em São Sebastião aconteceu em 9 de janeiro de 78, quando o navio Brazilian Marina se chocou com rochas submersas. Vazaram 6 milhões de litros de óleo.

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