São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 1994
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Bombardeio mata 30 em hospital de Kigali

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 30 pessoas morreram ontem no bombardeio ao maior hospital da capital de Ruanda, Kigali. Há centenas de feridos.
O hospital fica próximo a um acampamento militar, em uma área controlada pelo governo.
Os rebeldes tutsis da Frente Patriótica de Ruanda (FPR) foram acusados pela ação.
O bombardeio atingiu diretamente uma barraca, onde estavam cerca de 40 pacientes, além da farmácia e da unidade ginecológica.
O ataque ocorreu às 9h locais (4h em Brasília). Segundo o governo, o número de mortos pode chegar a 50.
Um posto da ONU no centro de Kigali foi atacado ontem. Nenhum dos 12 morteiros lançados contra o prédio chegou a atingi-lo diretamente e não houve vítimas.
O confronto entre a maioria hutu, que governa o país, e a minoria tutsi, começou em 6 de maio, depois que o avião que levava o presidente Juvenal Habyarimana foi derrubado.
A morte de Habyarimana não foi esclarecida. Os generais hutus, maioria étnica no país, culparam os tutsis pelo atentado.
Os rebeldes tutsis dizem que o presidente foi morto por seus assessores hutu, porque colocaria em prática um plano para dividir o poder com os tutsis.
O comandante das tropas da ONU em Ruanda, major-general Romeo Dallaire, disse ontem que a situação no país tende a piorar até que haja um cessar-fogo.
A ONU aprovou há três dias o envio de 5.500 soldados para o país, que ajudarão a garantir a chegada de ajuda humanitária.
O aeroporto de Kigali, controlado pelas tropas leais ao governo, também sofreu bombardeios ontem. "O nosso pessoal no aeroporto está amontoado em abrigos", disse Dallaire.
Um hotel onde a ONU aloja centenas de integrantes da minoria tutsi também foi bombardeado, mas não havia notícias de vítimas.
O ministro da Defesa de Ruanda admitiu ontem que os rebeldes da RPF já controlam metade do país. "A FPR controla as principais estradas. Queremos um cessar-fogo."
Estimativas de agências humanitárias indicam que 500 mil pessoas já podem ter morrido na guerra civil de Ruanda.
Meio milhão de refugiados podem ter deixado o país desde o início do conflito.

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