São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Reina a desorientação nesta reta final

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Ainda faltam sete dias úteis para o término de maio. Mas, para o mercado, ele já acabou tristemente. Para uma ampla parcela de instituições, o mês foi de prejuízos.
A maioria perdeu dinheiro ao operar ativamente na suposição de que ocorreria em maio um forte repique da inflação. A URV do mês será maior do que os 42,60% de abril, ficará entre 44,11% e 44,30%, mas muito longe da hipótese majoritária do início de maio, de um número beirando os 46%.
Tanto o IPC do IBGE quanto o da Fipe foram, na segunda quadrissemana de maio, inferiores aos da primeira. No início do mês, esse retrocesso era impensável. O resultado foi uma brutal revisão para baixo das expectativas de inflação.
O IPC/Fipe da terceira quadrissemana –o índice que entra no cálculo da URV– foi no começo de maio previsto pelo mercado na faixa entre 46,5% e 47%. O número agora é de 45%. A consequência foi uma não menos brutal queda dos juros dos CDBs, de 1.200 pontos percentuais em três dias.
As estimativas de CDI efetivo para maio do mercado futuro de juros da BM&F tombaram de 49,82% no dia 5 para 48,20% na sexta-feira.
Não há situação mais confortável do que a do Banco Central. No dia 13 de maio, ele fixou a projeção de alta da URV em 44%, e teimou nela, contrariando as expectativas das instituições, que esperavam uma alta contínua até 45,5%.
Foi o mercado que teve de reduzir as suas projeções. Os índices comprovaram que a cautela do BC no over e na URV não era otimismo artificial.
O problema é que o equívoco de maio –o excesso de pessimismo– tende a ser contrabalançado, em junho, por engano no sentido oposto.
O mercado opera, para o mês que vem, com um quadro inflacionário róseo, um índice abaixo de 46%. As superapostas feitas no pregão de DI futuro da BM&F não fornecerão, em junho, parâmetro confiável para avaliação da rentabilidade efetiva do CDI-over no mês cheio, mas servirão como baliza das expectativas de inflação.
O DI não medirá o CDI pleno do mês porque, a pedido das instituições, a entidade antecipou em um dia o vencimento dos contratos de julho, que informam a taxa de junho.
Ao invés de findarem no dia 30 de junho, eles acabam no dia 29. O motivo é que, como o CDI antecipa em um dia o over, o do dia 30 já terá de acertar o Selic do dia 1º de julho, o primeiro da era real. E ninguém ousa fazer isso.
As previsões para o juro primário em julho estão ainda desencontradas: fala-se em algo entre 6% e 12%. Pelo fato de o contrato de DI efetivo em junho ter 20 dias úteis, a expectativa para o CDI no mês que vem fechou ontem em 47,23%.
Extrapolados para 21 dias úteis, esses 47,23% significam 50,11%, ou inflação de 45,73% para juro real de 3%. Muito baixa.

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