São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Boxe lembra a era da `Bomba Marrom'

WILSON BALDINI JR.

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>Ex-campeões Muhammad Ali, Ray Leonard, Michael Spinks e Joe Frazier (sentados da esq. à dir.) visitam túmulo em 86; Joe Louis, o "Demolidor de Detroit", no auge da carreira; Sequência do nocaute de Louis sobre Carnera, em 1935
Crédito Foto: Folha Imagem
Arte: QUADRO: QUEM FOI JOE LOUIS; TABELA: AS LUTAS POR TÍTULO DE LOUIS
Observações: COM SUB-RETRANCA
Boxe lembra a era da `Bomba Marrom'
Há 80 anos nascia nos EUA Joe Louis, o lutador peso-pesado que mais tempo permaneceu com o título mundial

No último dia 13, os aficionados em boxe comemoraram o surgimento de um dos maiores lutadores de todos os tempos.
O pugilista norte-americano Joseph Louis Barrow, ou apenas Joe Louis, completaria 80 anos.
"A Bomba Marrom", como era conhecido, foi o lutador peso-pesado (acima de 86,183 quilos) que mais ostentou o título mundial. Foram 11 anos e 252 dias.
Morreu com problemas cardíacos, pobre, em uma cadeira de rodas, como porteiro do Caesar's Palace Hotel, de Las Vegas, em 1981, aos 66 anos.
Filho de um colhedor de algodão no estado do Alabama, "o lutador do século" –nomeação que recebeu do Conselho Mundial (CMB), pouco antes de morrer– iniciou no amadorismo, em 30, na categoria dos meio-pesados.
Treinado e empresariado, respectivamente por Jack Blackburn e John Roxborough, Louis teve 20 lutas invictas, com 16 nocautes.
Depois de derrotar o gigante italiano, Primo Carnera (1,98m), em junho de 1935, a carreira de Louis atingiria o clímax dois anos mais tarde com a conquista do cinturão.
Louis se tornaria o segundo negro a conquistar o mundial dos pesados, feito antes conseguido apenas pelo lendário Jack Johnson (campeão de 1908 a 1915), ao derrotar James Braddock, em 37.
Segundo a revista "The Ring", especializada no esporte, que dedicou edição especial ao pugilista, Louis reunia as melhores características de cada campeão.
Ele teria a técnica de Johnson, a força de James Jeffries (campeão de 1899 a 1904), a defesa de Bob Fitzsimmons (1897 a 99), a velocidade de Jack Dempsey (1919 a 23) e a agilidade de James Corbett (1892 a 94).
Em 38, lutou contra o alemão Max Schmeling, que o havia derrotado dois anos antes.
O combate valeu mais como uma disputa entre EUA e Alemanha, que iniciavam sua "Guerra Fria", antes da 2ª Guerra Mundial.
"Roosevelt chegou a apertar meus músculos para se certificar de que eu estava preparado", revelou Louis, se referindo ao presidente Franklin Delano Roosevelt.
De 1941 a 45 serviu ao exército na 2ª Guerra. Neste período enfrentou Buddy Baer (em 42), irmão do ex-campeão Max Baer, e doou seu prêmio para a Marinha.
Voltou a lutar profissionalmente um ano após o final da guerra. Teve dois combates memoráveis com o amigo Jersey Joe Walcott.
Abdicou do título em 49. Visitou o Brasil em maio do ano seguinte e fez algumas lutas de exibição em várias capitais do país.
Quatro meses depois tentou reconquistar o título, mas foi derrotado por Ezzard Charles.
Em 51, já veterano e fora de forma, serviu de "escada" para Rocky Marciano, a "esperança branca" dos norte-americanos. Resultado: derrota por nocaute.
Após mais de 20 anos dedicados ao boxe, Louis (que também é conhecido por "O Demolidor de Detroit" –cidade onde morou) acumulou uma fortuna de US$ 4.626.721 (CR$ 7,5 bi).
Mas devido a problemas pessoais –foi casado por quatro vezes– e uma série de fracassos comerciais (teve uma rede de restaurantes), Louis conheceu a falência.
Participou de lutas "vale-tudo", por um contrato de US$ 100 mil/ano.
Além de continuar a perder todo o dinheiro, ainda ficou devendo US$ 1 milhão de imposto de renda ao governo, já em 1956. A dívida foi perdoada anos depois.

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