São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Tande ganha tamborim para alegrar os jogadores

SÉRGIO KRASELIS
DO ENVIADO ESPECIAL

O atacante Alexandre Ramos Samuel, o Tande, ganhou de presente na última quinta-feira um tamborim, instrumento musical com o qual promete animar seus companheiros de seleção.
"Era o que estava faltando nas viagens do time", disse o jogador.
Responsável pelas brincadeiras e um piadista de primeira linha, Tande se diz feliz com sua passagem pela Itália –foi vice-campeão da Liga Italiana com o Milan–, e na Liga Nacional da temporada 94/95 vai defender o Flamengo, o clube do seu coração.
Numa pausa dos treinos da seleção, o atacante de 24 anos falou à Folha sobre seu espírito "moleque" e os planos para o futuro.

Folha - Você sempre foi visto como o jogador mais brincalhão e divertido da seleção. De onde vem a inspiração?
Tande - Vem de minha mãe, uma pessoa muito extrovertida, que sempre ensinou a todos em casa que a vida é bonita. Já que existem tantos momentos difíceis na vida, se pudermos contribuir para mudá-los, então façamos isso.
Folha - Estes momentos difíceis também fazem parte da seleção. Como você contribui para torná-los mais suaves?
Tande - Dentro da seleção tem momentos em que ficamos muito presos. Claro que a concentração é importante, pois a gente se cuida mais, se alimenta melhor. Por exemplo: eu moro no Rio e vou querer ir à praia, ficar até às cinco da tarde. Então, eu tentando dar alegria, animar o pessoal, o tempo passa mais rápido. Às vezes tem uns que ficam tristes, então procuro animar sempre que possível.
Folha - Você se considera o mais extrovertido da seleção?
Tande - Não sou o único. O Max já pegou o meu lugar na distribuição dos apelidos. Mas prometo fazer uma rebelião e tomar meu lugar de volta.
Folha - Durante os treinos desta semana você ganhou um tamborim, provocando uma afirmação do técnico José Roberto Guimarães à pessoa que lhe presenteou: "Você não sabe o monstro que está criando". O sambista Tande é tão bom quanto o atacante?
Tande - Bem, eu vou me dedicar e aprender a tocar. O pessoal da seleção gosta de Carnaval. Maurício adora. Já desfilei na Caprichosos de Pilares, Beija-Flor, Mocidade Independente de Padre Miguel, Vila Isabel, mas sempre em carro alegórico. Mas em 95, se tudo der certo, quero sair na bateria da Imperatriz Leopoldinense.
Mas quero ver o Giovane no atabaque, Maurício na cuíca. Vai ser o bloco "Unidos da Seleção" ou "Banda do Fundo do Ônibus".
Folha - Depois de uma temporada na Itália, do vice-campeonato pelo Milan, você agora volta ao Brasil para defender o Flamengo. Foi uma boa troca?
Tande - Foi demais. Vou jogar no Rio, perto da minha família e eu queria muito isso, apesar de saber que o Flamengo não ia formar um time de primeira porque o mercado no Brasil esse ano abriu e fechou muito rápido.
Agora, a volta para casa foi demais, principalmente pela comida caseira. Mas foi muito rápido a estada em casa. Vamos ganhar dois dias de folga na próxima semana e aí vou ficar mais perto de minha família, curtir os amigos, a praia.
Folha - A temporada na Itália foi boa para você?
Tande - Foi muito válida. Fui vice-campeão italiano, campeão europeu. Amadureci muito, como homem e como jogador. Apesar do desgaste físico ser muito grande devido ao grande número de jogos.
Mas estou entrando em ritmo de jogo. Só um pouco cansado. De todo modo, estou fazendo todo o trabalho físico que a seleção vem realizando. Apenas num ritmo mais lento.
Folha - Qual a impressão que você tem hoje do Brasil em seus aspectos político e econômico?
Tande - É engraçado, mas ainda não deu para sentir muito o Brasil. Estou no hotel, no mesmo clima de fora. Às vezes me perco na hora de pagar alguma coisa. Falo pra mim: "peraí, uma cédula de 500 vale menos que uma de 5". Mas isso só com o tempo.
Sou espírita, tenho fé no povo brasileiro e acredito que um dia vamos conseguir mudar tudo isso que está aí à nossa volta.
(SK)

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