São Paulo, domingo, 22 de maio de 1994
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Imigrantes ganham mais do que minorias

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Os imigrantes que chegam aos EUA para trabalhar em profissões relacionadas à educação, medicina, computação e ciências gerais estão ganhando mais dinheiro do que os próprios americanos.
Relatório divulgado na semana passada pelo Centro para Estudos de Imigração sugere que o estímulo e a abertura do mercado para imigrantes nessas profissões têm "negligenciado" parte dos brancos e a maioria dos negros e hispânicos nascidos nos EUA, além dos índios americanos.
Leon Bouvier, um dos autores do estudo, afirma que os EUA deveriam "reexaminar o impacto causado pelos estrangeiros no mercado de trabalho do país".
A pesquisa mostra, por exemplo, que existem hoje no país mais médicos indianos do que negros americanos na profissão.
Segundo o instituto, o salário médio anual de imigrantes trabalhando nas áreas citadas é de US$ 35,3 mil.
Boa parte dos brancos não-hispânicos americanos e quase a totalidade das outras minorias nas mesmas profissões ganham US$ 31 mil por ano, em média.
A pior situação é a dos negros americanos, com salários anuais médios de US$ 26 mil.
O estudo encontrou 14 mil asiáticos ganhando mais de US$ 150 mil por ano nas quatro áreas, enquanto há apenas 4.000 negros com rendimentos nessa faixa –apesar de o número de negros trabalhando ser três vezes maior.
O levantamento revela ainda que existem 44% de profissionais brancos nas quatro áreas ganhando mais de US$ 100 mil por ano.
O percentual de asiáticos nessa mesma faixa é quase o mesmo, 42%. O de hispânicos é de 13% e o de negros 2%.
Em números absolutos, o censo americano de 1990 contou 15,1 milhões de americanos e 1,3 milhão de estrangeiros trabalhando nessas áreas.
Bouvier afirma que o grande ingresso de profissionais estrangeiros no país "certamente terá maiores consequências no futuro para toda a sociedade, principalmente para as minorias americanas".
Ele sugere que o governo dos EUA deveria tomar medidas para reverter essa tendência.

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