São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 1994
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Nuvens afastadas

A corrida sucessória começa esta semana com um quadro mais claro e definido do que o da semana passada. Embora ainda não possa ser definitivamente descartada, a hipótese da candidatura do ex-presidente José Sarney encontra-se pelo menos momentaneamente bastante afastada, abrindo espaço para que a campanha comece a deslanchar com base no atual grid de largada.
A única alternativa que resta a Sarney de fato é que o Superior Tribunal de Justiça acate a denúncia de estelionato apresentada pelo Ministério Púbico Federal contra Orestes Quércia e que, neste caso, o ex-governador de São Paulo renuncie à candidatura do PMDB. É uma possibilidade remota. Não só a expectativa é de uma tramitação demorada até a decisão do STJ –o que pode inviabilizar uma eventual candidatura Sarney por falta de tempo até as eleições–, como também há informações dando conta de que o ex-presidente poderá em breve anunciar seu apoio a Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
Por mais que em política tudo seja possível, é no mínimo um indício de que José Sarney não confia muito na possibilidade de concorrer ele próprio ao Planalto. Sua maior chance sem dúvida ruiu na semana passada com a recusa do Supremo Tribunal Federal em reabrir o prazo de filiação partidária.
A própria saída momentânea de cena do senador do Amapá traz contudo efeitos sobre o panorama eleitoral. O PFL, por exemplo, volta a ficar mais estreitamente atado à candidatura do PSDB, órfão da opção que Sarney lhe ofereceria. O maior empenho que se vem verificando entre os pefeleistas na campanha de FHC pode já ser um sintoma dessa maior dependência.
Já o impacto sobre o Planalto parece menos claro. Embora também o presidente tenha perdido o que poderia eventualmente ser uma opção na campanha, as declarações recentes do ministro Rubens Ricupero sugerem que o Executivo pode não estar decidido a apoiar o ex-titular da Fazenda de forma realmente determinada e inquívoca.
De todo modo, depois de um período de nebulosidade mais extenso do que se esperava, o eleitor brasileiro ganha agora um horizonte eleitoral mais desanuviado. Mas ainda não definitivo.

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