São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Candidato vende imagem de super-homem

EUMANO SILVA; SILVIA QUEVEDO

\<FT:"MS Sans Serif",SN\>Com a mulher, Ângela, deputada federal, e aprimeira filha do casal, Maria, hoje com 6 anos
Crédito Foto: Reprodução/Álbum de Família
Observações: COM SUB-RETRANCAS
Vinheta/Chapéu: \<FD:"VINHETA-CHAPÉU"\>ESTILO\</FD:"VINHETA-CHAPÉU"\>
Selo: BIOGRAFIA DO CANDIDATO
Assuntos Principais: PERFIL; CANDIDATO; ELEIÇÕES 94
Candidato vende imagem de super-homem
Estilo de fazer política de Amin é semelhante em vários pontos ao do ex-presidente Fernando Collor de Mello
Da Sucursal de Brasília e da Agência Folha, em Florianópolis
O estilo de fazer política do senador Esperidião Amin tem muitas semelhanças com o do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Os dois usam estratégias parecidas de marketing político para promover suas imagens junto aos eleitores. Aparecem em público praticando esportes ou fazendo demonstrações de força física.
Um exemplo foi a atuação de Amin durante os trabalhos de recuperação do Estado de Santa Catarina, atingido por enchentes durante seu governo. Calçado de botas, ele subia em caminhões e tratores para ajudar os flagelados.
Na enchente de 1983, morreram 63 pessoas. As imagens da tragédia foram usadas por Amin na campanha para o Senado, em 1990.
Nessas imagens de arquivo aparecem flagelados afirmando que por três meses receberam comida de Amin.
Nos esportes, as preferências de Amin são pescaria, futebol e tênis. No futebol, a especialidade é bater escanteio.
"Eu já fazia essas coisas antes do Collor", afirma Amin. Ele cita como exemplo seu desempenho durante as enchentes.
Outra característica comum é o uso da televisão, determinante na carreira de Collor. Amin tem facilidade para se comunicar e fama de debatedor invencível.
Quando foi prefeito pela primeira vez, teve um programa de TV chamado "Pergunte ao prefeito". Ele respondia pessoalmente as perguntas da população.
As semelhanças entre Amin e Collor acontecem também numa tragédia familiar. O pai de Amin, também chamado Esperidião, matou seu irmão (texto nesta página).
Arnon de Mello, pai de Collor, matou um senador, José Kairala, no plenário do Senado.
Amin e Collor têm ainda semelhanças históricas. Iniciaram a carreira como prefeitos "biônicos" (nomeados) e quase sempre tiveram a estrutura administrativa estadual a seu favor.
Como seu pai havia sido vereador pela UDN, Amin já tinha um grupo político para iniciar sua carreira política. Os Bornhausen, por exemplo, eram udenistas.
Mas Amin foi além: atraiu também o apoio dos remanescentes do PSD, partido adversário da UDN até a reforma partidária feita pelo regime militar.
Pertencia ao PSD o senador Nereu Ramos, que chegou a senador em 1955, após a crise iniciada com a morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954.
Assim como Collor, Amin foi bem-sucedido quando disputou eleições. A única eleição que perdeu na vida foi para o Centro Acadêmico de Direito, quando era estudante.
Venceu as eleições para deputado federal (1978), governador (1982), prefeito (1988) e senador (1990).
O ex-senador Jaison Barreto, hoje no PSDB, atribui as vitórias de Amin ao seu estilo semelhante ao de Collor. "O Collor deve ter copiado dele. Amin é populista, dirige trator, joga futebol. É um super-homem. Em marketing sempre foi competente", afirma Barreto. (Eumano Silva
e Silvia Quevedo)

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