São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Preço desalinhado inflaciona real

DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados devem atualizar preços antes da entrada do real. O alerta é o do empresário Abílio Diniz, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar.
Segundo ele, é imensa a quantidade de preços que está abaixo do custo de reposição. Diniz tirou essa conclusão acompanhando diariamente as cotações de 1.300 produtos em 11 supermercados da concorrência.
Firmino Rodrigues Alves, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas) informa que a defasagem entre os preços de venda e de reposição do estoque oscila entre 15% e 20%.
Na avaliação de Alves, ela ocorre em todos os setores, mas principalmente nos produtos básicos. No leite condensado e na ervilha, é de 40%; para o arroz e derivados de tomate, gira em torno de 30%; no óleo de soja é de 20% e no setor de massas varia entre 10% e 15%.
"O preços estão desalinhados às vezes por causa da baixa rotação da mercadoria", diz Abílio Diniz.
Para o empresário, se os preços forem atualizados após a entrada nova moeda podem provocar inflação em real. "E isso não interessa a ninguém", acrescenta.
Diniz não sabe prever o impacto dessa remarcação na inflação. Mas, ele diz que não será elevado.
Motivo: parte do alinhamento já estaria ocorrendo nas negociações com a indústria em URV.
Com a entrada da URV, os supermercados deixaram de ter ganho financeiro, diz Diniz. Os empresários já estariam trocando essa receita financeira por um aumento na margem. Mas, segundo ele, isso não significa aumento de preço e inflação. "É uma mudança de patamar".
Para Alves, no entanto, só os produtos de limpeza e perfumaria estão com preços alinhados.
Além da defasagem entre o preço de venda e o de custo, existe o problema dos descontos, lembra o vice-presidente da Apas.
Segundo ele, hoje eles variam entre 5% e 20%, o que aumenta a distância entre o preço de venda e o custo de reposição dos estoques.
Resultado: com o possível fim dos descontos da indústria para o varejo para entrar com os preços alinhados no real, as promoções dos supermercados devem diminuir muito após 15 de junho, prevê Alves.
Em sua opinião, o mercado, que já anda fraco, não deve sancionar esses aumentos. A saída será trocar marcas.

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