São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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`Overdose' de Streisand mata `Funny Lady'

RUY CASTRO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Barbra Streisand –assim como o beisebol e a manteiga de amendoim– nunca deveria sair de casa, os EUA. O resto do mundo não consegue partilhar o fascínio dos americanos por essas suas três inexplicáveis instituições.
"Funny Lady", a continuação de "Funny Girl, A Garota Genial" (1967), é, como todos os seus filmes, uma vitrine egocêntrica para a estrela. Ela está em todos os ângulos, até os que não a favorecem, e que são muitos. É preciso admirá-la fanaticamente para se chegar vivo ao fim do filme.
É também o motivo pelo qual os filmes de Streisand quase nunca dão certo. Qualquer progressão dramática, envolvendo outros personagens, deixa de existir porque Barbra, como dona da bola, não consegue sair de frente da câmera.
Desta vez, a cantora Fanny Brice, que ela interpreta nos dois filmes, já se livrou do gigolô Nick Arntein (Omar Sharif, que reaparece numa ponta) e se deixa enredar pelo extravagante produtor teatral Billy Rose (James Caan), o qual se casa com ela e dá um novo impulso à carreira de ambos.
O casamento vai literalmente por água abaixo quando Rose se apaixona pela estrela aquática de uma de suas hiperproduções e Fanny se vê obrigada a cuidar de seu nariz. Na vida real, a história foi muito melhor, com Fanny quebrando pratos e cantando "My Man" de cinco em cinco minutos.
Herbert Ross, o diretor, é um perito em adaptar peças para o cinema. Sua grande virtude é a de que ele se limita a gritar "Luz! Câmera! Ação!". Mas, dessa vez, Barbra gritou por ele, como já havia feito com o quase sagrado William Wyler em "Funny Girl", a ponto de Wyler querer largar o filme no meio. Tentaram acalmá-lo: "Tenha paciência, Willie. É o primeiro filme que ela dirige".
"Funny Lady" é um dos muscicais mais sem vida de todos os tempos. Das canções originais (por John Kander e Fred Ebb, os mesmos de "Cabaret"), a única que sobreviveu foi "How Lucky Can You Get". As demais são geniais, mas, ao contrário do que o filme mostra, nenhuma foi escrita por Rose. O grande Billy tinha apenas o poder de incluir-se na parceria.

Título: Funny Lady (idem)
Direção: Herbert Ross
Produção: EUA, 1975
Distribuição: LK-Tel Video (tel. 011/825-5766)

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