São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 1994
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Israel exige documento de Arafat

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo israelense exigiu ontem que o presidente da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Iasser Arafat, confirmasse por escrito seu compromisso com o acordo de paz.
O porta-voz do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, Oded Ben Ami, disse que a sinceridade de Arafat sobre a paz foi posta em dúvida por um discurso feito em Johannesburgo (África do Sul) no dia 10 de maio.
Rabin "vai pedir a Arafat a confirmação por escrito de seu compromisso depois do discurso de Johannesburgo", disse.
No discurso feito a muçulmanos sul-africanos, Arafat pediu uma "jihad", palavra árabe para guerra santa, por Jerusalém e comparou o acordo com Israel a uma antiga trégua temporária entre árabes.
Arafat explicou posteriormente que por "jihad" ele quis dizer uma cruzada pacífica.
Israel considera Jerusalém sua capital indivisível. Já a OLP reivindica Jerusalém Oriental como a capital do futuro Estado palestino.
O ministro da Polícia, Moshe Shahal, disse no Parlamento israelense que, se "os ataques terroristas continuarem e Arafat fizer novas declarações que contradizem o acordo de paz", Israel conversará "com os palestinos, mas não vai implementar os próximos passos do acordo".
Ele também disse que não haverá progressos até que "a OLP prove sua capacidade de governar Gaza e Jericó".
Jornais israelenses noticiaram que o serviço secreto de Israel informou ao governo que a OLP não está conseguindo administrar as duas regiões autônomas.
Ahmed Tibi, assessor de Arafat para assuntos israelenses, disse não ver necessidade de esclarecimentos por escrito de Arafat.
"O esclarecimento já existe –no acordo Gaza-Jericó assinado pelo presidente Arafat", afirmou.
"Toda essa tempestade se origina da distorção da religião e da fé islâmicas e é responsabilidade do lado israelense voltar e estudar história novamente", completou Tibi.
Jornais israelenses noticiaram ontem que Rabin havia ficado irritado com novos trechos do discurso de Arafat transmitidos no domingo pela Rádio Israel.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, Yossi Sarid, Arafat criou uma "crise de confiança" que pode prejudicar todos os esforços de paz na região.
Ontem, o governo israelense derrubou no Parlamento uma moção de desconfiança apresentada pela oposição.
Segundo a oposição, o governo Rabin não fez o bastante para condenar os comentários de Arafat.

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