São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 1994
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No limite da perfeição

Jânio Quadros era governador de São Paulo e já cultivava o estilo de fazer política que o consagrou. Especialmente o hábito de cunhar frases que deixavam o interlocutor atordoado como se tivesse levado um direto no queixo.
Naquele dia, Carvalho Pinto, que depois também viria a governar o Estado, marcara uma audiência com Jânio e levou consigo um antigo funcionário público.
Feitas as apresentações, o funcionário começou a ensaiar um pedido ao governador. Ele pleiteava uma promoção e não poupou elogios a si próprio:
– Pois é, governador. Eu trabalho há 26 anos na Secretaria da Fazenda e nunca faltei ao trabalho. Tenho, anexadas à minha ficha, mais de 40 cartas com elogios ao meu desempenho...
Como Jânio não demonstrava qualquer reação à descrição de seu currículo, o funcionário arriscou uma pergunta:
– E então, governador, o que o senhor acha?
Jânio não perdeu a chance de exercitar sua verve:
– Acho que da próxima vez o senhor deveria tomar cuidado para não ser tão perfeito...

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