São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 1994
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Mercado de alimento popular é novo filão

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes fornecedores de alimentos industrializados preparam-se para aumentar a oferta de produtos menos elaborados, que chegam com preços mais acessíveis ao consumidor.
As chamadas "marcas de combate", aquelas relacionadas às empresas que cresceram com produtos de preços mais baixos que seus concorrentes líderes, deverão ganhar novo impulso nas vendas.
É o caso da marca SóFruta, no setor de derivados de tomate; da Campineira, no de biscoito; da Guarany, para o açúcar refinado; e da mortadela Marlba.
Mas as empresas líderes também se preparam para abocanhar o mercado de consumo de alimentos populares, cuja perspectiva é de alta com a entrada do real.
A Cica, do grupo Gessy Lever, líder do setor de derivados de tomate, lançou todos os seus produtos em embalagem tetrapak, de modo a ofertá-los nas prateleiras dos supermercados com preços até 15% inferiores aos preços tradicionais da marca.
A Perdigão poderá alterar seu mix de derivados de carne, de modo a reforçar a oferta de salsichas e linguiças a granel.
"Sem dúvida iremos aumentar a venda de mortadela. A do presunto parma, mais sofisticado, deverá permanecer estável", diz João Rozário, vice-presidente da empresa.
A Ádria, líder de mercado de macarrão, avalia que suas marcas regionais, como a Paty e a Raineri, deverão ter acréscimo de vendas de até 10%.
"As massas estão com preços bastante baixos frente a outros alimentos, e deverão canalizar parte do aumento da demanda", diz Francisco Stella Neto, diretor jurídico da Ádria.
Pela avaliação de José Carlos Teixeira, da Associação Paulista de Avicultura, os produtores de carne de frango estão prontos para aumentar gradativamente a oferta do produto, de modo a fornecer 300 mil toneladas para em agosto.
O volume significa acréscimo de 8% frente à produção obtida em maio.
"Acima desse percentual a situação poderá ficar complicada, já que, para aumentar a oferta, dependemos do alojamento de matrizes", avalia Teixeira.
Já um provável aumento do consumo de ovos poderá ser contornado evitando-se o descarte das galinhas poedeiras.
Em maio a produção de ovos alcançou a marca de 3,3 milhões de caixas de 30 dúzias.
Apesar de entrada da entressafra para a carne bovina, em junho, o abastecimento do produto tem situação mais tranquila.
O mercado está com oferta 20% maior do que a disponível em igual período do ano passado. "Devido à retração do consumo, os bois estão sendo abatidos com até 22 arrobas, contra o peso normal de 18 arrobas", informa Itacyl Conçalves Gamero, do Sindifrio.
Para o açúcar, estima-se crescimento do produto utilizado pela indústria em até 10%. "Em épocas de expansão, o consumo de açúcar pelas indústrias de alimentos cresce tradicionalmente o dobro do índice do crescimento geral da economia", diz Júlio Maria Borges, do departamento de economia da Copersucar-União.
Segundo Borges, "não existe qualquer dificuldade em se aumentar a oferta do açúcar; o setor tem todas as condições de produzir o que o mercado exigir".

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