São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 1994
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Preços disparatados podem levar a aumentos em real

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A menos de 40 dias da entrada do real em circulação, boa parte dos preços continuam desalinhados. A variação é grande tanto das cotações de uma mesma mercadoria entre as lojas, quanto nos preços comparados de produtos diferentes.
Nos supermercados os exemplos são flagrantes. Um pacote de biscoito simples, sem recheio, pode ser encontrado, na mesma loja, ao lado de outro com recheio, por um preço quase 18% maior. Detalhe: os dois produtos são da mesma marca e não estão em promoção.
Se a nova moeda entrar com essa dispersão, vai existir potencial grande para aumentos de preços, diz Nelson Barrizzelli, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP.
Já o economista Ernesto Guedes, da consultoria MCM, prevê que a maior parte dos preços vai se alinhar fortemente em junho.
A dispersão de preços deveria estar diminuindo desde que a URV passou a ser o indexador da economia, explica Barrizzelli.
A intenção do governo, segundo ele, é de que com a URV a sociedade treinasse a convivência com inflação baixa e que os preços se alinhassem pela média.
O treino parece que ainda não acabou. Desde que a URV foi implantada, a dispersão entre os preços "mudou muito pouco", afirma Barrizzelli.
Exemplo: a variação entre o preço mais caro e o mais barato de uma determinada marca de detergente líquido que era de 129% no dia 16 de fevereiro, subiu para 130% em 15 de março, com a entrada da URV. Em 12 de abril tinha saltado para 178% e no dia 17 de maio atingiu 194%.
A pesquisa foi realizada pela Fundação Instituto de Administração da USP, em 250 supermercados da Grande São Paulo.
Na análise de Barrizzelli, o que estaria emperrando o alinhamento dos preços é que as pequenas e médias indústrias não urvizaram todos os preços, impedindo que a URV chegasse ao varejo.

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sobre preços nas páginas 2-3 e 2-4

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