São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Nutricionista saiu por discordar de médico
MÁRIO MOREIRA
Em entrevista à Folha, ela revelou o teor dessas discordâncias e contou detalhes da sua saída da concentração da seleção, em Teresópolis, no sábado passado. Folha - Por que você deixou a seleção? Patrícia Bertolucci -Pelas resistências ao meu trabalho. Ficou claro que a decisão sobre o que os jogadores comeriam seria tomada apenas pelo doutor Mauro Pompeu. Folha - Mas você tinha dito que achava naturais essas resistências. Patrícia -Num primeiro momento, seria natural, até porque ele não me conhecia. Mas no sábado de manhã, o doutor Mauro me disse claramente que quem resolveria a parte da nutrição dos jogadores seria ele. Aí, achei que não teria o que fazer lá. Disse então ao Américo Faria (supervisor da seleção) que iria embora. Ele me pediu para esperar até a tarde, porque conversaria com os médicos. Depois, falou que eu estava liberada. Folha - Nada do que você planejou seria aproveitado? Patrícia -Quanto ao cardápio, a CBF queria de mim um plano para a Copa. Mas o doutor Mauro disse que poderia mudá-lo, pelos seus 20 anos de experiência no assunto. Na parte dos suplementos nutricionais, receitei a ingestão de cápsulas de aminoácidos (elementos formadores das proteínas), que restauram o organismo do stress causado pela atividade física, e de carboidratos, misturados à bebida fornecida aos jogadores após os treinos, para recuperar o conteúdo energético dos músculos. O doutor Mauro me disse que os seus estudos sobre aminoácidos não são conclusivos sobre a sua eficácia e que por isso não iria adotá-los. Quanto aos carboidratos, ele não achou necessários. Folha - Não houve conversas preliminares sobre o trabalho que você faria? Patrícia -Quando o Marco Antônio Teixeira (secretário-geral da CBF) e o doutor Lídio Toledo me convidaram, disseram que era para fazer o mesmo trabalho que desenvolvi no São Paulo. Então, fiz uma proposta que incluía a elaboração do cardápio, a avaliação dos exames bioquímicos dos jogadores e a prescrição de suplementos. O doutor Mauro me negou até o acesso aos exames, dizendo que eram da competência dele. Folha - Nos quatro dias em que você ficou com a seleção, os seus cardápios foram utilizados? Patrícia -Integralmente. Os jogadores inclusive gostaram. Também dei noções de nutrição ao cozinheiro, e ele foi muito receptivo. Folha - Alimentos como paio, toucinho e carne seca, que serão levados pela CBF aos EUA, são prejudiciais aos atletas? Patrícia -Eu condeno, porque eles dificultam a digestão. Folha - Como é a alimentação dos jogadores do São Paulo? Patrícia -São alimentos de fácil digestão, pouco gordurosos e ricos em carboidratos, como massas, batata e farináceos. Carne vermelha, só em pouca quantidade. Texto Anterior: Romário é apenas mais um entre os 22 Próximo Texto: Romário diz que imprensa quer `tumultuar' a seleção Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |