São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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Conselho deve autorizar hoje 1ª hidrelétrica no rio Ribeira

MARCELO LEITE
ENVIADO ESPECIAL AO VALE DO RIBEIRA

O Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) decide hoje às 13h30 o futuro do rio Ribeira de Iguape. Em pauta, a construção da primeira hidrelétrica no último grande rio sem barragens do Estado.
Trata-se da usina de Tijuco Alto, perto da cidade de Ribeira. Para alimentá-la serão alagados 110 km2 de terras férteis na divisa São Paulo/Paraná (veja mapa).
A hidrelétrica de Tucuruí (PA) inundou área 22 vezes maior (2.430 km2). Em compensação, tem potencial para gerar 53 vezes mais energia (7.960 megawatts, contra 150 de Tijuco Alto).
A usina no Ribeira será construída pela CBA (Companhia Brasileira de Alumínio, do grupo Votorantim). Um investimento privado de US$ 200 milhões, 4/5 do prejuízo da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) em 1992.
Depois de Tijuco Alto, estão previstas para o Ribeira de Iguape mais três barragens, todas da Cesp: Funil, Batatal e Itaoca.
Contra as usinas, mas em minoria no Consema, estão ambientalistas como os da SOS Mata Atlântica, que tem assento no Conselho.
Contra, também, estão os moradores de áreas afetadas, como os de Ivaporunduva. Eles são defendidos pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens).
A favor, além do grupo Votorantim, estão prefeitos e boa parte da população do Vale do Ribeira. Nesta que é uma das regiões mais pobres do Estado, a obra é vista como um manancial de empregos.
A favor, ainda, estaria o governo estadual, afirmam os ambientalistas. Isto apesar de laudos oficiais condenando a obra.
"Em condições normais, este empreendimento nunca seria aprovado", diz João Paulo Capobianco, da SOS. Para o ambientalista, o governo teria fechado questão a favor de Tijuco Alto para obter dividendos eleitorais da obra.

O jornalista Marcelo Leite viajou ao Vale do Ribeira a convite das fundações Konrad Adenauer e SOS Mata Atlântica.

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