São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994
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Represa inunda um remanescente de quilombo

MARCELO LEITE
DO ENVIADO ESPECIAL

Uma das comunidades que vai desaparecer com a construção de barragens no Ribeira de Iguape é Ivaporunduva. Ali vivem 85 famílias descendentes de escravos, um dos últimos remanescentes de quilombos do Estado de São Paulo.
Eles estão ali desde 1650, diz o líder João Rodrigues da Silva, 33. Eram negros foragidos durante o ciclo do ouro do século 17.
Ivaporunduva, para os índios, era o "rio de muitas frutas". Os descendentes de quilombolas afirmam com orgulho que plantam mais de 40 produtos. Produzem 15 toneladas de banana por semana.
As águas da barragem de Batatal vão cobrir a capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. O prédio de taipa, de 1780, foi tombado há 15 anos.
A Constituição Federal também protege os remanescentes de quilombos. Pelo artigo 68 das Disposições Transitórias, o governo reconhece a seus habitantes a "propriedade definitiva da terra". Até hoje não foram emitidos títulos de posse para Ivaporunduva.
(ML)

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