São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 1994 |
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Criador do policial moderno faz cem anos
RUY CASTRO
Hammett só faltou enterrar o romance policial clássico, no qual o criminoso matava por hobby e o detetive era um esnobe que resolvia os casos sem sair de casa. Hammett criou Sam Spade, o detetive amoral de "O Falcão Maltês", equipou-o com chapéu, gabardine e galochas, e o despachou para os becos escuros de San Francisco, onde estava o crime. Claro, Agatha Christie e os outros escritores "clássicos" continuaram produzindo, mas o leitor já fora avisado: o novo romance policial chegara mais perto da realidade –e esta não era bonita ou cerebral como nas histórias de Sherlock Holmes. Hammett (ou Samuel Dashiell Hammett, na pia batismal e nos arquivos do FBI), sabia o que estava fazendo. Antes de ser escritor, fora detetive –da Pinkerton, a famosa agência de detetives profissionais, sediada em Baltimore. Isso foi em 1915, quando ele tinha 21 anos. Nos cinco anos que passou nela, Hammett fez de tudo, exceto, talvez, matar. Entre outras coisas, infiltrou-se em sindicatos para ajudar a desbaratar greves e internou-se como doente em hospitais para ouvir confidências de suspeitos moribundos. Hammett, que no futuro se tornaria comunista, não via nada demais nisso: "Era apenas trabalho". Mesmo assim, deixou a agência porque tinha "princípios demais" para ser um bom detetive –e foi escrever sobre sua antiga especialidade. LEIA MAIS sobre Dashiell Hammett à pág. 5-3 Próximo Texto: Tartufo; Button; Serão; Marshmallow; Sanfona Índice |
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