São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Picuinha

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Lula errou e vai insistindo no erro. "Tudo aquilo que eu entender que não é crime eu vou continuar fazendo", disse ontem, no TJ Brasil.
Fernando Henrique também errou e disse que assim não dá, que discutir fax e carro de som é "picuinha eleitoral", é "amesquinhamento."
Realmente, do jeito que a coisa vai eles serão obrigados a fazer uma campanha dentro da lei. Nunca foi assim. Eles não vão saber como agir.
O que fazer
"Agora é hora de torcer", avisou a Bandeirantes, ontem. Na CNT, outro dia, um comentarista foi acusado por outro de não torcer. A cobertura está assim, por todo lado. Estão todos ecoando a comissão técnica, que saiu na frente ao acusar de impatriotas os que criticaram a seleção no ano passado.
Seria o caso de lembrar que, sem as críticas, a comissão não teria convocado Romário para o último jogo e talvez a seleção nem chegasse à Copa.
Mas não dava para esperar outra coisa de uma comissão técnica que, fora um e outro, é aquela de 70, escolhida à sombra do regime militar. Aquela mesma, já expurgada do sempre crítico João Saldanha, que montou a equipe campeã para o oportuno Zagalo levar a fama –logo ele, um medíocre entre craques, entre feras.
Mas agora a comissão técnica "critica o excesso de otimismo e o clima de `já ganhou'," diz o Jornal Nacional. Vai ser engraçado acompanhar, nos próximos dias, aquela mesma televisão –que fez tanto esforço para acabar com a crítica– seguindo as novas instruções quanto ao que ela deve fazer, pelo bem do Brasil.
História restaurada
Por falar em Zagalo, o Canal 100 restaurou a verdade histórica, anteontem na Manchete, ao mostrar um jogo da seleção, sob Saldanha, com Pelé, Gérson, Rivelino e Tostão juntos –o que Zagalo dizia, semana passada, ser uma idéia sua, a sua grande mudança ao ocupar, sorrateiramente, o lugar do comunista João Saldanha.
Colômbia de chuteiras
Que ninguém pense, de qualquer forma, que o nacionalismo que envolve a seleção é exclusivo do Brasil. Na Colômbia, dizia ontem a CNN, após falar com o técnico Maturana, "todos esperam a vitória, mas a seleção quer dar ao mundo uma nova imagem da Colômbia". Lá, como aqui, a pátria calçou as chuteiras para a Copa.

Texto Anterior: Itamar demite diretores de 17 estatais
Próximo Texto: Sai hoje 1º relatório sobre a Petrobrás
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.