São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Fornecedor de cocaína do CV é preso

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Apontado pela polícia como o maior fornecedor de cocaína para os morros do Rio, João Batista Fialho de Assis Júnior foi preso anteontem na casa de parentes na Pavuna, zona norte do Rio.
Ele é acusado de envolvimento na morte de 30 pessoas nas favelas de Acari e Rocinha.
Assis Júnior, 32, negou as acusações. "Estou sendo injustiçado", disse ele à Folha em entrevista no DGPE (Departamento Geral de Polícia Especializada).
Conhecido nas favelas como João Matuto ou João Branquinho, o acusado tem contra si dois mandados de prisão pela suposta prática de tráfico, formação de quadrilha e assassinatos.
O diretor do DGPE, Luiz Mariano, disse que João Matuto liderou bandos da facção criminosa CV (Comando Vermelho) em "guerras" pelo controle das "bocas" (pontos de venda de drogas) de cocaína em Acari e Jorge Turco (ambas na zona norte) e Rocinha (zona sul).
Os confrontos do CV com rivais da facção TC (Terceiro Comando) resultaram na morte de 30 pessoas desde o início do ano passado.
João Matuto seria o chefe do traficante Parazão, apontado pela polícia como responsável pela chacina de favelados supostamente vinculadas ao inimigo Jorge Luiz, em Acari.
Na Rocinha, segundo a polícia, João Matuto assumiu o controle da venda clandestina de cocaína e maconha após entrar em acordo com o rival Eraldo de Souza, tido no tráfico como traidor do CV.
João Matuto disse que não atua no tráfico de drogas nem esteve envolvido em disputa de quadrilhas.
"Sou vendedor autônomo de carros. Compro e vendo", disse.
O delegado apresentou uma versão diferente. Segundo Luiz Mariano, João Matuto se especializou em levar carros roubados até o Paraguai e a Bolívia, para trocá-los por cocaína.
"Ele criou essas rotas e passou a fornecer a droga para favelas muito procuradas pelos viciados, como Rocinha, Acari, Andaraí, Mineira e Jorge Turco. Ele é, hoje, o maior fornecedor de cocaína no Rio", disse Mariano.
João Matuto foi preso anteontem à noite, quando visitava parentes. Ele não carregava armas nem drogas.

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