São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 1994
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Produção industrial cai 4,2% em abril

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista está vivendo uma fase de retração à espera da chegada da nova moeda, o real, em 1º de julho.
O indicador do nível de atividades (INA), dessazonalizado, caiu 4,2% em abril frente ao mês anterior, informou a Fiesp.
Em comparação com o mesmo mês de 93, o INA de abril de 94 registrou uma queda de 4,4%.
Franz Reimer, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, atribuiu o forte declínio da produção da indústria paulista em abril à "incerteza dos agentes econômicos" em relação ao Plano Real.
"A URV é um conceito misterioso para o cidadão comum e inibiu o consumo", disse Reimer.
O reflexo da incerteza na economia pode ser medido pelo índice de vendas reais da indústria que, em abril, caiu 13% em relação ao mês anterior e 12,4% em relação a abril do ano passado.
Reimer disse que a queda das vendas reais mostra que os consumidores não aceitaram os "excessivos" aumentos de preços da indústria e do comércio na conversão para a URV.
Ele disse que é "natural" que os empresários tentem "recomposição" da margem de lucro na véspera de um novo plano econômico.
"Mas nem sempre o mercado e os consumidores sancionam esses aumentos de preços", disse.
Como as vendas reais caíram mais do que o nível de atividades, Reimer disse que isso é um fator positivo para a chegada do real.
"O resultado disso é que a indústria está com estoques para atender o esperado aumento de consumo com a entrada do real."
O nível da utilização da capacidade instalada em abril –75,2%– encontra-se bastante abaixo do pico anterior, de 85,8%, registrado em julho de 1980.
O quadro de declínio da indústria do Estado de São Paulo em abril também é confirmado pela queda do número de horas trabalhadas na produção: 0,9% em relação ao mês anterior e 3,4% em relação a abril do ano passado.
O número de pessoas ocupadas na indústria paulista em abril caiu 2,4% em relação a abril de 93.
O salário nominal médio cresceu 49,9% em relação ao mês anterior, uma variação superior à da URV, que foi de 42,2%.
O maior crescimento das vendas reais nos três primeiros meses desse ano frente ao primeiro trimestre de 93 foi do setor de material elétrico e de comunicações (44,1%).

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